Tobé Velloso: “equidade na distribuição do fundo de cultura”
Para existir o movimento de circo não precisa necessariamente de uma lona...Tobé Velloso
Senhoras e senhores o nosso bate-papo é com Alberto da Cunha Velloso Neto, um vulcão em plena erupção, uma cabeça pensante e um produtor cultural em prol do coletivo. Eu adoro este “cara, caramba, caracaraô”, risos...
Fazemos parte do mesmo pelotão na luta por dias melhores no segmento cultural e na preservação das nossas raízes e memória. Nossas armas são canais de diálogo, respeito, projetos e ações. Respeitável público estou falando de Albertinho, Beto, Bertoso, Beethoven, ele mesmo, o nosso TOBÉ VELLOSO, formado em licenciatura, 45 anos e há 30 morando em Lauro de Freitas.
Paixão pela arte...
Ao longo da minha infância e antes mesmo de receber “o chamado”, resolvi criar estórias e convidar colegas para encená-las. Creio que este trauma tenha me conduzido ao mundo da comunicação teatral até os dias de hoje.
Mas foi a partir de 2010 que comecei a me envolver diretamente com a cultura local. Logo percebi que o metro quadrado mais cultural da região metropolitana era aqui.
Encontrei grandes pessoas, junto às quais desenvolvi parcerias
surpreendentes em projetos marcantes, a exemplo do grande historiador Gildásio
Freitas e tantas outras “personas”, sem querer esquecer ninguém.
Principais projetos
Trupe MARV de Teatro; Polo de Atores e Dramaturgia; Espetáculos Teatrais;
Arcas de Ipitanga; Arena Circo Comunidade Show; Cia Municipal de Teatro
Amador; Teatro popular: “Os Caranguejos com Cérebro”; Negos Fujões,
cinema e outras tantas manifestações culturais aqui e na região metropolitana.
Preservação das tradições populares...
Garantir o direito aos saberes tradicionais, assim como ter acesso aos detalhes da formação histórica do município e de sua ancestralidade é o único caminho para um futuro com mais compreensão educacional e consciência ambiental, maior acessibilidade urbana, promoção da igualdade étnica e racial, de gênero, social e cultural nas comunidades.
Com políticas públicas direcionadas ao modus CIDADE CRIATIVA, onde os melhores equipamentos culturais e esportivos de utilidade pública (teatros, museus, praças lúdicas, cinemas, monumentos, espaços culturais, bibliotecas, conchas acústicas, parques ecológicos e polos esportivos) sejam edificados em locais periféricos com maior carência econômica e educacional, longe dos grandes centros financeiros, já contemplados historicamente.
A preservação da memória de um povo é um ato digno
de pós-modernidade, ainda que para muitos, uma margem distante e para outros
uma utopia possível. Viva a memória viva!
Colé Circo...
É um coletivo de artistas e diletantes das artes circenses de Lauro de Feitas. Um movimento que vem crescendo na cidade. O Circo é um ente milenar que veio da Europa e se misturou à cultura popular brasileira, adquirindo uma nova roupagem.
E para existir o movimento de circo, não precisamos necessariamente de uma lona, pois, performances e números circenses com estrutura portátil condensa sua existência, como é o caso do Grupo Bambolê, do mestre Artêmio, que completou 21 anos. O Amendoim e sua turma capitaneado por Edvaldo Palhaço, um dos melhores e mais atuantes performances em palhaçaria da região metropolitana.
A cidade também abriga outros artistas, como Maurício, o Palhaço Pimpolho, Eddy, um homem de circo, criador do lendário “Chiquinho”, famoso personagem infantil da TV e de projetos sociais. Flora Lee, uma das pioneiras artistas de perna de pau, atriz e palhaça.
A cidade hoje tem mágicos de alta
performance, atores e atrizes que se retroalimentam de elementos do circo
para ampliar e diversificar suas produções. Assim como o grupo ‘Os Saltadores
de Ipitanga’ e o lúdico educativo Cadeira de Brin. O movimento de circo vem
crescendo apesar de estar perdendo parte da tradicionalidade.
Arena Circo...
É a maior prova da força da cultura circense de Lauro de Freitas. Foi deste evento que nasceu o cordel “A Grande Lona”, escrito por Gildásio Freitas. Seus versos sugerem a instalação da lona de circo para a nossa cidade. Toda cidade a partir de 200 mil habitantes, deve ter, no mínimo, uma lona de circo de cunho social e escolar permanente.
Modernamente entendida como um espaço
cultural inclusivo de formação para jovens, adultos e melhor idade. A lona de
circo tem utilidade pública natural, abarcando eventos de diversas naturezas. Mas
com a pandemia estamos nos adaptando para não deixar passar no vazio o Dia do Circo, 27 de março. Vamos ver o que faremos...
O que almeja...
Naturalmente está ganhando força a defesa pela produção cultural estruturante e suas ações derivadas. Percebe-se que um cinturão cultural em favor da boa cultura está se formando, entre os emergentes e a velha guarda. Penso que uma Fundação Cultural de cunho municipal poderia dar uma equidade mais justa na distribuição do fundo municipal de cultura.
Precisamos respeitar a
força sutil da literatura, os megatons percussivos dos pandeiros, a
plasticidade física da capoeira e a harmonia contagiante das
filarmônicas; antes que seja tarde e a mentalidade artística se feche, enfim,
se apague. Quem sabe em casa sejamos menos piores. Viva a cultura viva!
Márcio Wesley | DRT/BA 5469
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