Bedeu, o famoso carteiro de Lauro de Freitas
Por Márcio
Wesley
Num domingo de março de 1978,
Margarida deixou a terra onde nasceu, no sul da Bahia. Foi a chance de melhorar
de vida, trabalhando como doméstica na capital. No início foi difícil. A
saudade de casa era grande. Nas noites solitárias encontrava consolo escrevendo
longas cartas para dona Lurdes, a sua mãe. Margarida continua trabalhando.
Casou, teve duas filhas e quase 30 anos depois ainda manda cartas e fotos da
família aos parentes do interior. Não dá para esconder a importância do
carteiro na vida dessa baiana. "Eles foram meus parceiros durante essas
três décadas. Levavam e traziam notícias da minha gente. Sou grata pela
existência desses trabalhadores, que mesmo sem saber, amenizam a dor de muita
gente que vive longe de quem ama", diz ela.
O dia do carteiro é comemorado no
dia 25 de janeiro, data oficial do início da atividade postal regular no
Brasil. Nesse dia, em 1663, o alferes João Cavalheiro Cardoso foi escolhido
para o cargo de correio-mor da capitania do Rio de Janeiro, por Luiz Gomes da
Matta Neto, 7°correio-mor do Reino e 1° das Cartas do Mar. Porém, o tropeiro
foi o primeiro entregador de correspondências que o Brasil conheceu,
substituído pelo estafeta, o carregador de mala postal, o inspetor de Serviço
Postais no final do período imperial e o carteiro no início deste século.
Correios em nossa Cidade - A agência dos Correios de Lauro de Freitas, opera com 52 pessoas, dessas, 48 são carteiros que atendem não só ao município, mas parte da Linha Verde até Costa do Sauípe. Segundo o supervisor operacional Sérgio Augusto Soares, o carteiro tem uma grande importância na sociedade. "Além de entregar a correspondência, o carteiro é um distribuidor de emoções, alegrias, tristezas e raiva, com correspondências de contas a pagar", ressalta o supervisor.
Já o nosso personagem é um velho conhecido da nossa gente, José Souza Borges, que na ocasião da entrevista tinha 47 anos. Mas poucos o conhece pelo nome de batismo, para gente, ele é Bedeu. Nascido e criado em Lauro de Freitas, trabalha há mais de 20 anos nos Correios (na época em que fiz a entrevista). O experiente carteiro percorre toda a comunidade entregando correspondências a pé, sorrindo e apresado. Em dias de chuva ou sol a pino, não tem tempo ruim.
Ele conta que a profissão de
carteiro é muito gratificante, apesar das dificuldades do dia-a-dia. "O
pior no nosso trabalho são as casas sem números, ruas sem placas, além de
clientes mal educados e os famosos cachorros", estes são os nossos
desafios. Ressalta ainda, que não são apenas dificuldades que encontra
no cotidiano, explica que existem coisas maravilhosas e que sente orgulho
de ser carteiro. "A comunidade é muito boa, principalmente a classe média
e baixa, que entende, respeita e agradece com carinho os serviços prestados por
nós. Isso é bem diferente com a maioria das pessoas com poder aquisitivo maior.
Eles são frios demais", desabafa.
Historias é que não faltam para
contar. Bedeu narra uma das inúmeras minutas engraçadas vividas por ele:
"Tinha um morador que todas as vezes que eu levava a conta de telefone
para casa dele, ele pedia para eu ler e informar o valor. Quando eu dizia, era
aquela confusão. O homem reunia a família para reclamar dos absurdos da conta,
tudo na minha presença. Eu me prendia para não rir." conta o simpático
carteiro caindo na risada.
(Jornal Expressão, edição 74, 2005)
Márcio Wesley | DRT/BA 5469

ESSA FIGURA É SIMBOLO VIVO DA NOSSA HISTORIA,GANDE PERSONALIDADE
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