Aula de fotografia como memória em Itanagra
Por Márcio Wesley
Entre a sala de aula e as ruas a fotografia ganhou outro sentido na Escola municipal Angelina Garcia Avena, em Itanagra, Vila de São José do Avena.
Durante oito encontros, a turma do 9º ano participou da oficina de Fotografia Mobile, uma atividade que transformou o celular em instrumento de expressão e arte.
A proposta foi aproximar os alunos da fotografia como linguagem. Não apenas como imagem bonita, mas como forma de contar histórias, observar melhor o mundo e registrar a própria realidade.
Em aula, falamos sobre luz, enquadramento, composição, história da fotografia e responsabilidade no uso da imagem, sempre trazendo exemplos reais e exercícios práticos.
Minha experiência no fotojornalismo, desde o tempo do filme até o digital e o celular, entrou como conversa, não como currículo.
Compartilhei os erros, os acertos e as mudanças que vi acontecer na fotografia ao longo dos anos. Uma certeza sempre esteve clara para os alunos: o equipamento ajuda, mas é o olhar que faz a foto. Como costumo dizer, a gente fotografa antes com a cabeça e com o coração; o celular só registra depois.
As caminhadas pelas ruas da Vila foram um momento especial. Ali, os alunos passaram a observar o que sempre esteve perto, mas quase nunca era notado: a casa da esquina, o comércio do bairro, as pessoas e a paisagem simples. A fotografia virou também ferramenta de memória e de cuidado com o lugar.
O trabalho terminou com a exposição "Olhares da Vila", montada na própria escola. As fotos, todas em preto e branco, revelaram detalhes que a cor costuma esconder: luz, sombra, textura e expressão.
Os próprios alunos apresentaram seus trabalhos, falaram sobre os lugares fotografados e chamaram atenção para a preservação do meio ambiente.
Ouvir de um estudante que: “agora entendi a força de uma fotografia”, isso vale mais que qualquer avaliação formal.
Eles aprenderam sobre ângulos, luz e enquadramento, mas aprenderam também a olhar com atenção e arte.
A diretora Fábia e o vice-diretor Erivan acompanharam de perto a exposição e destacaram o envolvimento dos alunos durante todo o processo. Para a gestão, a oficina mostrou que a escola pode ir além da rotina tradicional e dialogar com a realidade dos estudantes.
A fotografia entrou na escola e saiu diferente e o que ficou foi mais do que imagem, foi memória, aprendizado e orgulho do lugar onde se vive.
Ensinar fotografia, no fim das contas, é ensinar a olhar.
Márcio Wesley
Jornalista | MBA em comunicação
Professor de arte e cultura
DRT/BA 5469
Aula de fotografia como memória em Itanagra
Reviewed by Márcio Wesley
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dezembro 03, 2025
Rating: 5
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