AS MATRIARCAS DE LAURO DE FREITAS: tradição das raízes culturais Samab
O samba-de-roda foi criado pelos africanos no período do Brasil colonial,
precisamente no Recôncavo baiano, onde até hoje as tradições são mantidas. No
passado, os escravos organizavam o samba-de-roda sempre à noite, na hora do
descanso. Era o momento de celebrar a alegria e a descontração. Quando a festa
terminava, todos saíam renovados e confiantes para enfrentar as dificuldades do
dia-a-dia.
Ao primeiro toque do tambor,
homens e mulheres se colocavam a postos, em círculo. Sobre o chão de terra,
começavam as cantorias. E, no centro da roda, dançava-se sozinho ou em pares,
enquanto os outros acompanhavam com palmas. Com o passar dos anos, o
samba-de-roda foi ultrapassando as fronteiras e a descentralização foi
inevitável: saiu do Recôncavo para outros municípios, chegando até aqui, na
antiga Santo Amaro de Ipitanga, atual Lauro de Freitas.
As Matriarcas mantém
a tradição com o intuito de preservar o samba-de-roda, o
produtor e coreógrafo Júlio César 'Careca’, criou o grupo em 1991. O nome foi bem sugestivo, pois se tratava de senhoras que já eram
mães, avós e bisavós de famílias antigas do município.
Dona Camélia Brito, 72 anos, é urna das
animadas participantes, explica que até hoje é apaixonada pelo samba e que aprendeu tudo com a sua mãe. "Comecei a participar do samba-de-roda com 10 anos.
Antigamente o samba era muito forte aqui em Lauro de Freitas. Eram grandes
festas que chamávamos de 'comédias', organizadas no Pé de
Oiti (centro) e em Portão. Dona Badinha, 62 anos, é a maior compositora
do grupo, e desabafa: "As Matriarcas representa a tradição e a cultura de
nossa terra. Gostaria que as autoridades dessem mais apoio para a
gente", lamenta dona Badinha.
As senhoras do grupo apontam que
o intuito das Matriarcas é manter umas das mais antigas tradições do povo
laurofreitense de pé. "Reunimos aqui no grupo as principais senhoras do
samba-de-roda de nossa cidade, não podemos permitir que essa tradição seja esquecida. Este grupo representa o passado e mantém viva uma antiga tradição. Quando criamos o
grupo, contamos com o incentivo da prefeitura, que nos ajudou bastante.
Esperamos que o apoio continue", é o que deseja Careca e as senhoras do samba-de-roda.
Entretanto, é preciso o esforço
de toda a sociedade para que o samba-de-roda possa se perpetuar através das
gerações. "O nosso sonho é poder criar as 'Matriarquinhas' e um grupo de
músicos (percussionistas) com as crianças e jovens do município". Imagina o
produtor do grupo preocupado com o futuro do samba-de-roda.
Márcio Wesley | DRT/BA 5469
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