Itanagra 63 anos: abrançando o litoral e o sertão
No dia 30 de julho de 2025, o município de Itanagra, situado no Litoral
Norte da Bahia, completou 63 anos de emancipação política, celebrando sua
autonomia conquistada em 1962 pela Lei Estadual nº 1.767. No entanto, a
história que molda essa cidade vai muito além dos marcos legais e das
festividades cívicas.
O nome Itanagra deriva do tupi-guarani e significa “pedra de areia”, em
referência à geografia e composição rochosa da região. Antes de adotar essa
nomenclatura em 1938, o povoado passou por diversos nomes ao longo do tempo:
“Cipó das Cabaças”, “Engenho do Cipó”, “Cipó de Açu da Torre” e “Arraial do
Cipó”. Esses nomes antigos registram a influência das culturas locais e das
famílias que ali se estabeleceram, como os Gonçalves, descendentes de colonizadores
vinculados à Casa da Torre de Garcia D’Ávila.
Foi em julho de 1842 que uma expedição liderada pelo almoxarife Manoel Dias Gonçalves, com 42 pessoas entre escravizados e caboclos iniciou o povoamento da região, abrindo caminho para a plantação de cana-de-açúcar, a formação de engenhos e a construção de capelas e casas.
A expedição alcançou o território onde hoje se encontra a sede municipal no mês de novembro daquele ano. Esse movimento faz parte da expansão das fronteiras agrícolas promovida pela elite colonial no século XIX.
A história de emancipação, por sua vez, foi marcada pela luta de lideranças locais. O nome de Antônio de Souza Gomes surge como figura essencial nesse processo de articulação política e mobilização da comunidade. No entanto, há registros de que o primeiro prefeito efetivamente empossado tenha sido Rafael Gonçalves, o que merece destaque para que a memória política da cidade.
Itanagra hoje integra o Território de Identidade Litoral Norte e Agreste
Baiano, e faz divisa com os municípios de Araçás, Entre Rios, Mata de São João
e Pojuca. A cidade tem uma área de aproximadamente 533 km² e segue em pleno
desenvolvimento, com investimentos em cultura, esporte, agricultura familiar e
preservação ambiental.
Porém, para compreender verdadeiramente a história de Itanagra, é fundamental ampliar o olhar para além da colonização. Muito antes da chegada dos portugueses, a região já era habitada por povos originários do tronco tupi-guarani, especialmente os Tupinambás, que ocupavam o litoral norte da Bahia.
Esses povos viviam da caça, pesca e agricultura, possuíam também uma linda relação espiritual e sustentável com a natureza. A memória desses primeiros habitantes precisa ser resgatada e reconhecida em todo Litoral Norte da Bahia como parte essencial da identidade não apenas de Itanagra, mas de todo território baiano. Reconhecer os povos originários como os primeiros moradores é uma forma de reparar invisibilizações históricas e valorizar a ancestralidade.
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Exposição de pinturas na Escola Angelina Garcia Avena |
Que Itanagra, ao celebrar mais um aniversário, siga recontando sua história com pertencimento às suas raízes indígenas, africanas e sertanejas, compondo um legado que honra o seu passado.
Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista | MBA em Comunicação | Licenciado em Artes | Produção cultural | Pesquisador da cultura popular

Parabéns Itanagra! Segue com seus filhos que jamais fugirão da luta.
ResponderExcluirLinda homenagem 👏👏❤️ Parabéns Itanagra, cidade acolhedora.
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