Esquecimento do patrimônio histórico de Lauro de Freitas
Por Márcio Wesley
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Lauro de Freitas década de 1960 |
Lauro de Freitas é uma cidade de raízes profundas, mas de memória frágil. Entre terreiros de candomblé, quilombos, engenhos de açúcar e a força dos povos originários, a história do município resiste à margem das políticas públicas.
O crescimento desordenado e a ausência de um compromisso real com a preservação da cultura tornam o patrimônio local invisível para grande parte da população.
Uma história que precisa ser preservada
Desde os tempos coloniais, o território que hoje chamamos de Lauro de Freitas foi palco de encontros e embates culturais. Tupinambás, africanos escravizados e europeus moldaram uma identidade plural, que se manifesta na oralidade, na música, na dança e nas religiões.
A emancipação política, em 1962, trouxe consigo um novo desafio: como manter viva essa memória em meio às mudanças urbanas e sociais que vieram com o desenvolvimento até os dias atuais?
A importância do museu municipal
A verdade é que grande parte dos moradores desconhece a própria história da cidade. A ausência de um museu municipal, a precarização dos espaços culturais e a falta de um plano estruturado de valorização do patrimônio resultam em um processo contínuo de apagamento.
Núcleo do patrimônio histórico e cultural urgentemente
Sem um esforço coletivo para manter viva essa memória, corre-se o risco de que Lauro de Freitas se torne apenas mais uma cidade sem identidade própria.
Apesar da negligência institucional que se arrasta há décadas, Lauro de Freitas segue sendo um celeiro cultural. A cidade abriga mais de 400 terreiros de candomblé, grupos de capoeira, de samba e movimentos artísticos independentes que, à sua maneira, tentam manter viva a essência do município.
O Quilombo do Quingoma, um dos últimos redutos quilombolas da região, é símbolo dessa resistência, mas ainda luta contra a especulação imobiliária e a falta de apoio governamental neste sentido.
Uma gestão atenta e participativa
O problema não está na ausência de cultura, mas na falta de estrutura e reconhecimento. É necessário um planejamento contínuo, com políticas públicas que garantam apoio real aos artistas, produtores culturais e pesquisadores que se dedicam a contar e preservar a história da cidade.
Chegou a hora de preservar
Se queremos um futuro em que Lauro de Freitas se reconheça e se orgulhe de suas raízes, o município precisa tratar com prioridade essa pauta importante e necessária.
Isso significa que a gestão apresente um plano com compromissos que reconheçam a cena cultural, histórica e de preservação da memória.
Lauro de Freitas tem potencial para ser referência na preservação do patrimônio cultural, mas isso exige investimento, planejamento e, acima de tudo, vontade política.
Sem memória, não há identidade. E sem identidade, não há pertencimento. Chegou a hora de virar essa página e escrever uma nova história. Pelo menos é isso que se espera deste novo ciclo.
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Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista | MBA em Comunicação | Licenciado em Artes
Esquecimento do patrimônio histórico de Lauro de Freitas
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março 05, 2025
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