Lauro e o perigo da retórica de “terra arrasada”
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Quando uma gestão, gestores e
ou políticos assumem o discurso de “terra arrasada” desde o primeiro dia de
trabalho e continua com essa oratória pode estar adotando uma estratégia
comunicacional para justificar medidas emergenciais ou para destacar diferenças
entre gestões anteriores e a atual.
No entanto, essa abordagem, quando prolongada e amplamente difundida,
pode ter consequências profundas sobre a autoestima da população e a forma como
os cidadãos se relacionam com sua própria cidade.
O sociólogo Jessé Souza, no livro “A Elite do atraso”, analisa como determinadas narrativas podem reforçar desigualdades e desmobilizar a população. Segundo ele, a forma como os problemas são comunicados influencia diretamente o engajamento social, sobretudo, quando se apresenta um cenário de caos sem perspectivas concretas de solução.
Em contextos de gestão pública, isso pode resultar em um declínio na confiança da comunidade sobre a capacidade de transformação ou mudanças.
Este tipo de abordagem pode criar uma espécie de “hábitos pessimistas”,
onde a sociedade passa a internalizar a ideia de que a cidade está condenada. Uma comunicação parecida com à lógica dos telejornais
sensacionalistas, que priorizam tragédias e violência em detrimento de
iniciativas positivas e transformadoras.
Lauro de Freitas, como qualquer cidade, tem desafios estruturais e crônicos, mas também tem vida, cor e uma comunidade ativa que impulsiona projetos sociais, culturais, esportivos, educacionais e de empreendedorismo. O risco do discurso de “terra arrasada” pode obscurecer essas forças vivas e desmotivar cidadãos para as mudanças.
A antropóloga Lilia Schwarcz, em suas pesquisas sobre identidade e pertencimento, ressalta que a valorização da memória e das narrativas locais fortalece laços comunitários e amplia o senso de coletividade. Se uma gestão continuamente enfatiza o colapso, sem apresentar soluções concretas e visíveis, ela pode acabar minando a própria participação popular que deveria fortalecer.
Para romper esse ciclo, é fundamental que a comunicação institucional equilibre diagnósticos realistas com projeções positivas. Mostrar não apenas os problemas, mas também os projetos, os avanços e as possibilidades de futuro.
Cidades que prosperam são aquelas cujas populações sentem-se pertencentes e
motivadas a contribuir. Em um cenário onde os noticiários já exploram
predominantemente o negativo, cabe à gestão local oferecer uma visão de futuro
que inspire. E Lauro é uma cidade inspiradora!
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Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista | MBA em Comunicação | Licenciado em Artes

Perfeito amigo! Ameiii! ❤️❤️
ResponderExcluirNada como ser leitor dos grandes, para ser um grande cronista!
ResponderExcluirObrigado
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