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Mula sem Cabeça em Santo Amaro de Ipitanga






A vila respirava simplicidade, com suas famílias cultivando a terra, produzindo farinha, beiju e se aventuravam na pesca. A rotina era dificil, mas compartilhada de boas histórias.   

 

Eis que o nosso conto se desenrola na encantada Semana Santa, especificamente nas quintas-feiras da Quaresma, quando os moradores sabiam que a noite guardava mistérios. 


Um clarão fumegante, como uma chaminé de fogo amarelo e vermelho, dançava pelas trilhas do Quingoma, Caji, Portão, Itinga, ruas próximas da Igreja Matriz até as distantes fazendas de coco de Ipitanga e Buraquinho, revelando os mistérios da Mula sem Cabeça, tão temida pelos antigos moradores.

 





O fogo iluminava o cenário e o som da cavalgada era assustador, ecoando e fazendo até os cachorros de rua chorarem de medo. Um dia, um jovem agricultor descrente, ao avistar uma suspeita de incêndio numa fazenda onde hoje é Vilas do Atlântico, convocou seu compadre para investigar.


O compadre, temendo a presença da Mula sem Cabeça, alertou sobre o perigo, mas o valente vagueiro, cheio de vigor, decidiu enfrentar o desconhecido.





 

O jovem, ignorando o medo, avançou na direção da chama, pensando que tinha gente queimando os couqueiros. Mas não era gente! Era a Mula sem Cabeça, ágil e sobrenatural, impossível de alcançar pela velocidade que se movia, rapidamente mudava de direção.  


O vagueiro começou a enfrentar ventos fortes, os coqueiros pareciam dançar, o pavor abafou seu peito e de repente começou a sentir o vapor quente no seu encalço, a alternativa foi subir em um dos enormes coqueiros. 






No meio da escalada, olho para baixo e avistou a criatura assustadora, uma mula com uma enorme chama de fogo no lugar da cabeça. Os coices da Mula eram fortes tentando derrubar o pé de coco, o vagueiro ficou desesperado e gritou: "Oh Santo Amaro de Ipitanga ajuda-me"...






Como um milagre, pequenas luzes do sol começou a furar a madrugada no horizonte do mar, prestes a raiar. A criatura ficou contrariada e correu se perdendo no meio do matagal, avistada com uma grande chama de fogo percorrendo as trilhas com destino a comunidade de Portão. 


Do alto do coqueiro, o valente vagueiro, agora crente sobre a existência da Mula sem Cabeça, chorava como um menino, agarrado ao coqueiro, agradecendo ao padroeiro pelo livramento que lhe salvou a vida.

 




Ao descer, correu para casa, onde o compadre, rezando por sua segurança, foi surpreendido pelos gritos de socorro. O jovem quase arrombando a frágil porta entrou na pequena casa, abraçou seu fiel vira-lata Caramelo, ambos tremendo de pavor se esconderam debaixo da cama. 


Esse moço foi marcado para sempre pela visão da Mula sem Cabeça, carregou consigo a estranha lembrança com a mudança de cor nos seus olhos, ficando o direto castanho e o esquerdo azulado...





 

Assim, essa é mais uma história encantadora que nos lembra da importância de preservarmos as lendas de Lauro de Freitas para as gerações atuais. Hoje, nas ruas movimentadas da outrora Santo Amaro de Ipitanga, os ecos da Mula sem Cabeça ainda ressoam na medida que os prédios se erguem e as estradas se expandem. 


E como o jovem agricultor, cujos olhos se transformaram em castanho e outro em azul, a cidade também se transformou. Mas a sua misteriosa alma permanece viva nas histórias que contamos.

 




 Autor:


"Mula sem Cabeça da Vila de Santo Amaro de Ipitanga" 


 Márcio Wesley 

Jornalista | MBA em Comunicação e Semiótica | Licenciatura em Artes Visuais.  

Mula sem Cabeça em Santo Amaro de Ipitanga Reviewed by Márcio Wesley on janeiro 12, 2024 Rating: 5

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