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"Arte nos liberta" - Renato Lima




  

Sou de comunidade afrodescendente com a nomenclatura de favela...

 


A nossa entrevista é com um amigo de muitos anos. Ele até hoje é para mim aquele jovem inspirador do teatro. Um ator com identidade e estilo próprio. Um soldado da cultura, uma das grandes representatividades do gueto e  resistência artística de nossa Lauro de Freitas. 


Apresento Renato Lima, 41 anos, morador antigo de Lauro. Ator licenciado em Pedagogia e História, pós-graduado em Psicodrama, Psicanalista Clínico, Terapeuta Holístico e escritor, com dois livros publicados na plataforma kindle.

 

 


"Adoro ler, a leitura me faz um bem danado,
 abre janelas e horizontes"  

 


Infância e juventude...

 


Minha infância foi entre Feira de Santana e Lauro de Freitas, com a presença marcante do meu pai que era sambador e da mãe cantadeira. Estudei no Colégio Estadual Alfredo Agostinho de Deus, Itinga, onde formei o primeiro grupo de teatro. Fui aluno do mestre Hírton Fernandes numa oficina de teatro realizada no Cine Teatro de Lauro de Freitas, estava concorrendo para uma vaga no Grupo Tupã, passei na primeira fase. Também participei das oficinas do Grupo Oco Teatro com o diretor Luís Alonso.

 

Tive uma juventude movimentada e alegre. Imagine nascer numa casa cheia de samba e de teatro? Minha família sempre viveu em torno da arte! Lembro-me vagamente que durante as noites meus pais se reuniam com meus avós para cantar e sambar (samba de roda), patrimônio cultural imaterial do Brasil. Minha mãe fez parte do grupo de samba Quixabeira de Lagoa da Camisa, em Feira de Santana. E meu pai do grupo Sufoco da Fumaça.


 




Cultura na veia...


Iniciei no teatro aos 10 anos na escola em que eu estudava em Salvador. Minha estreia foi numa apresentação na Rua da Alegria, bairro da Liberdade, na Ladeira do Curuzu. Foi um espetáculo que contou com a presença da comunidade e da então prefeita Lídice da Mata. Iniciei com uma plateia enorme, risos.  

 


 

Dramaturgo e escritor Plínio Marcos | 1993,
foto de Juan Esteves | Folhapress



Sou o analfabeto mais premiado do país.  Aliás, quando querem me ofender me chamam de analfabeto, quando querem me badalar me dizem que sou gênio 

 

Plínio Marcos -  foi um grande escritor e autor de inúmeras peças de teatro. Foi também ator, diretor e jornalista.





Influências...

 

Foi o grupo de Samba Quixabeira Lagoa da Camisa  que sempre me incentivou a sambar e recitar versos quilombolas. Na adolescência fui instigado pelo escritor e dramaturgo Plínio Marcos, além do mestre  Hirton Fernades, professor e diretor de teatro. Experimentei as técnicas de Jerzy Grotowski, um diretor polaco e figura central do teatro do século XX.

 

 

Jerzy Grotowski foi uma figura central no teatro do século XX, principalmente no teatro experimental. Seu trabalho mais conhecido em português é "Em Busca de um Teatro Pobre", onde postula um teatro praticamente sem vestimentas, baseado no trabalho psicofísico do ator. Grotowski faleceu no dia 14 de janeiro de 1999 na Itália 



 

Precisamos de arte...


 

A arte traz um legado e um suporte crítico ao  ser humano. Abre caminhos para protagonizarmos nossa caminhada. Através da arte desatamos antigas amarras que nos impede de evoluir. Ela tem uma linguagem universal e nos oferece a possibilidade de termos um olhar diferente da nossa tão cruel realidade. 



Desde a minha infância fui agraciado com as mais belas canções. Cresci ouvindo Gilberto Gil, Caetano, Bule-Bule, Riachão e dentre outros grandes nomes. Participei de inúmeras criações de minha mãe com versos de samba e meu pai acompanhando tudo na caixinha de fósforo. Uma coisa é certa, a arte sempre me libertou!


Temos vozes valiosas que somente através da arte chegamos aos grandes legados da sociedade


 

Sonho...


Sempre lutei pelas minorias em meus textos e nas minhas criações artísticas. Meu sonho é ver todos os artistas viverem da arte, sem precisar ter uma segunda opção, sem precisar mendigar verbas ao Poder Público e serem humilhados em editais por não terem chance de concorrer por muitos motivos, inclusive, a pobreza! 



Um artista da periferia que não tem acesso a um computador e a internet para escrever seus projetos é excluído automaticamente dos editais 

 







Tristezas...


Fico triste com a desigualdade social no meio da  arte, com os cachês baixos de uma banda local em relação a uma atração de fora. Fico bastante triste com certos tipos de gestores culturais que não dão valor a nossa prata da casa.

 



Projetos...


Trabalho desde 2013 com o projeto Leitura Dramática que sempre traz um tema. No primeiro ano trabalhamos com o tema “Mulher” e retratamos a Lei Maria da Penha. Retornamos o velho texto do espetáculo “Pó Compacto”, um monólogo com Maíra Gotichald, que conquistou o Prêmio Festival do Interior, produzido pela Funceb – Fundação Cultural do Estado da Bahia. 





Em seguida trabalhamos as questões da violência, onde apresentamos no teatro e nas escolas do município com o apoio da Secretaria de Educação. Agora em 2021, estamos desenvolvendo o tema em cima do racismo. Iremos trabalhar o Novembro Negro com uma leitura poética teatral. Terei o acompanhamento do meu irmão e amigo, Reinaldo Fuscão um cara multicultural. Cantor, ator, dançarino e percussionista que irá abrilhantar com os ritmos percussivos no atabaque.





Produzindo oficinas...


 

Desenvolvo oficinas de teatro desde 2012 no Teatro de Lauro de Freitas, além de oficina de arte e cultura na instituição LBV. Em setembro retornaremos com a oficina de teatro aos sábados das 8h ao meio dia, aberta para crianças, jovens e adultos. Um outro trabalho que estamos desenvolvendo será uma oficina de Teatro Terapia que acontecerá no mesmo espaço, porém, para um público específico.

 



O cantor, compositor, capoeirista, percussionista
 e coreografo Reinaldo Fuscão fará parte
do próximo espetáculo 


Boca de nós todos...

 


O espetáculo Boca de Nós Todos, nasceu de uma sessão espírita na qual fazemos parte. Nossa religião de matriz africana traz traços marcantes de cultura e os Orixás gostam de ser homenageados e lembrados com dança, música e ritmos percussivos. Descobrimos que precisamos continuar com a luta dos nossos ancestrais e o espetáculo traz essa estética marcante do Orixá Exu, querido e temido por todos. Porém, amável e doce. A peça se trata de um monólogo com leitura poética e participação especial do amigo Reinaldo Fuscão.  


 


A direção, concepção e adaptação de textos variados. Inclusive com texto psicografado pelo ator Renato Lima. Aliado a intervenções poéticas de Castro Alves, “Navio Negreiro” e citações da canção Zumbi, de Gilberto Gil, além de gírias da Umbanda e Candomblé

 

 






Agradecimentos....

 

Laroiê a todos aqueles que abrem caminhos! Precisamos respirar em todos os sentidos, inclusive na arte. Este experimento teatral de novembro será um pouquinho da demonstração sobre a vontade de respirarmos como antes. De voltar ao dito normal e poder lutar de cara limpa. Viva o teatro, viva a arte! E como costumo dizer: pela cultura e educação é possível Lauro de Freitas.

 

 

 

Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista com MBA em Comunicação
e Semiótica na linguagem artística

"Arte nos liberta" - Renato Lima Reviewed by Márcio Wesley on outubro 06, 2021 Rating: 5

15 comentários:

  1. Olá eu sou o Ator Robert Nester, Renato Lima é uma das minhas moiores influências na arte sendo meu professor desde 2017 me mostrou novas possibilidades dentro do Teatro!! Agora em 2021 ele está sendo diretor do meu primeiro monólogo "Mate me" e mais uma vez está mostrando novas possibilidades no teatro!!!

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  2. Ótimo professor, viva a arte, a cultura, o teatro👺💃💜

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  3. Estou encantada com as aulas de teatro. Renato Lima é um artista muito experiente. Inteligente e criativo, produz textos que mostram a nossa realidade, fazendo com que os espectadores reflitam sobre diversos temas. No dia 4 de dezembro será apresentada a peça teatral O Levante de Liamba Epa, com texto e direção desse grande artista.

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  4. Magnifico, esplendido, parabéns Marcio Wesley pelo belíssimo trabalho.

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  5. Que iniciativa bacana, ver nosso irmão nas paginas de uma leitura positiva e bonita, a família Nery a frente. viva a capoeira viva o povo negro

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  6. Renato Lima, grande representante da cultura Negra e Nordestina,multi artista, canta, (bem)dança, compõe, escreve e atua, ainda dirige espetáculos de primeira. Negros Mcs tira o chapéu pra você mano. Itinga presente.

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