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Século XVI nascimento da freguesia Santo Amaro de Ipitanga



 

Santo Amaro de Ipitanga fora uma das mais antigas e uma das primeiras freguesias a ser criada no Arcebispado da Bahia
Santo Amaro de Ipitanga fora uma das mais antigas e uma das
primeiras freguesias a ser criada no Arcebispado da
 Bahia




Segundo Carlos Ott, a freguesia de Santo Amaro de Ipitanga foi criada no final do século XVI, pois constava na lista das freguesias do Recôncavo baiano em 1602. Contudo, a data reconhecida pela historiografia é 15 de janeiro de 1608. A data de 15 de janeiro corresponde ao dia em que, por tradição católica, é festejado Santo Amaro. É importante ressaltar que Ipitanga é o nome ancestral da localidade.

 

De acordo com um requerimento de 3 de setembro de 1750, o vigário da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga, João Rodrigues de Figueiredo, solicitava alvará ao rei Dom José I para que não se procedesse ao desmembramento daquela freguesia sem que antes fosse citado e ouvido no tocante aos seus direitos.

 



Criação da Freguesia de Santo Amaro de Ipitanga
D. José I faleceu no dia 24 de fevereiro de 1777



Nesse manuscrito, o reverendo João de Figueiredo declarava que, na sua freguesia, havia capelas tão antigas como a própria freguesia. Assim também que era originária de um tempo imemorial próximo a 200 anos desde a sua fundação, e que Santo Amaro de Ipitanga fora uma das mais antigas e uma das primeiras freguesias a ser criada no Arcebispado da Bahia. A extensão territorial que anteriormente possuía era muito maior que a atual, e de seu termo foram desmembradas e criadas outras seis freguesias. 







A última paróquia a ser desmembrada dela fora a do Espírito Santo de Inhambupe, no ano de 1718, acrescentando que desde então ficou o termo da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga a começar pelo Rio das Pedras em Itapuã, seguindo pela costa do mar até o Rio de Inhambupe pelas cabeceiras da Mata de São João até o Rio Catu, continuando pela Estrada do Sertão na parte próxima a Mata de São João. Esse território anteriormente pertencia à freguesia de Nossa Senhora da Encarnação do Passé, cuja paróquia havia-se desmembrado da freguesia de São Sebastião do Passé, que fora dividida pela mesma estrada com a freguesia de Santo Amaro de Ipitanga até o Rio Catu.

 




Pesquisa do professor, historiador e compositor Diego Copque




Em artigo titulado de: História, Cultura e Ancestralidade Indígena e Afro-Brasileira na Costa de Camaçari, Copque acrescenta, entre outras, uma importante evidência da antiguidade da localidade que se tornaria freguesia de Santo Amaro de Ipitanga e da povoação de Barra do Jacuípe. Nesse caso, o testemunho provém das primeiras visitações do Santo Ofício na Bahia entre os anos de 1591 e 1595. O documento referido encontra-se no Arquivo Nacional Torre do Tombo em Portugal. Essa preciosa fonte nos informa que fora excomungado da Igreja Católica, em junho de 1590, o súdito português João Dias, lavrador, cristão natural da Ilha Terceira no arquipélago dos Açores. Filho de Pero Brás e Isabel Lopes, casado com Antônia Dias, qualificada nos autos como "Negra Brasil".







João Dias era morador na Barra do Jacuípe e tinha uma roça na localidade de Ipitanga. Ele fora excomungado pelo vigário geral Pero do Campo e condenado a pagar 20 cruzados como uma espécie de multa em razão dos desentendimentos que tivera com o padre Pantaleão Gonçalves, que residia no Monte Calvário (atual bairro do Santo Antônio Além-do-Carmo na Cidade do Salvador). O desentendimento e a excomunhão de João Dias se deram por causa de uma sesmaria de 500 braças de terras que o padre Pantaleão Gonçalves havia recebido do governador nas imediações dos rios Ipitanga e Joanes.





Vista do Castelo Garcia D' Ávila | Praia do Forte - Ba 
                                   



O castelo concluído em 1624 por Francisco Dias D’Ávila Caramuru, neto de Caramuru e de Garcia D’Ávila, recebeu, ao longo dos anos, várias denominações, como Casa da Torre, Castelo Garcia D’Ávila, Torre de Tatuapara. Sua torre permitia a vigilância do litoral contra navios corsários. As ruínas do Castelo Garcia D’Ávila encontram-se a 2 km da Praia do Forte. O que restou do edifício-sede do maior latifúndio brasileiro de todos os tempos foi tombado pelo IPHAN em 1938 e transformado em Centro Cultural e Museu Histórico 



Passado mais de um ano de sua excomunhão, João Dias fora advertido por algumas pessoas que, decorrido o período de 12 meses de sua excomunhão, seria necessário que ele pedisse à Igreja o benefício de sua absolvição. Entre as pessoas que o aconselharam, figuram seu cunhado, Luis Álvares, que também era lavrador e o latifundiário Garcia D'Ávila. O interessante é que o poderoso Garcia D'Ávila, nesse mesmo período, teve sua esposa Mecia Rodrigues, de origem étnica hebreu sefardita, cristã nova, investigada e presa pelo Santo Ofício. No caso de sua mulher, as suspeitas eram de práticas de judaísmo, o que não ficou comprovado ao término do processo. João Dias fora delatado às autoridades eclesiásticas por seu próprio cunhado Luís Álvares. A denúncia foi enviada para o padre Visitador do Santo Oficio, Heitor Furtado de Mendonça, que instaurou processo investigatório em que houve a participação do padre da Companhia de Jesus, Fernão Cardim.


 





Na conclusão dos autos, em 27 de janeiro de 1593, foi deliberado pelas autoridades inquisitórias que João Dias não havia solicitado absolvição de sua excomunhão por pura ignorância e que, na verdade, ele seria um homem extremamente rude, e por essa razão deveria apenas ser repreendido e pagar dez cruzados por conta das despesas do Santo Ofício com a instauração do procedimento. Esse processo, além de nos revelar fatos relacionados à primeira visitação do Santo Ofício ao Brasil, é mais uma referência relacionada aos primeiros anos da povoação de Barra do Jacuípe.

 







Trecho do Livro: Do Joanes ao Jacuípe, uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais. Do Professor, Historiador, Pesquisador, e compositor letrista Diego Copque. A obra Está disponível para venda. Os interessados devem entrar em contato através do (71) 99396-5422. Valor R$ 60,00.




REFERÊNCIAS

 

COPQUE, Diego de Jesus. Do Joanes ao Jacuípe: uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais. Salvador: Cogito, 2021.
COPQUE, Diego de Jesus. História, Cultura E Ancestralidade Indígena E Afro-Brasileira Na Costa De Camaçari. Disponível em: <https://0618a0b3-faee-432b-b78e-e89614c1011b.filesusr.com/ugd/b9c3ab_9441fc69d79b45a3b903a4f4ece19356.pdf?index=true>.

 

 



Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista com MBA em Comunicação 
e Semiótica na linguagem artística






Século XVI nascimento da freguesia Santo Amaro de Ipitanga Reviewed by Márcio Wesley on agosto 08, 2021 Rating: 5

3 comentários:

  1. Muito bom, a história de um Povo jamais deve ser esquecida.

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  2. Nestes tempos sombrios ainda somos afortunados e temos o que comemorar: A existência de pessoas, que dedicam parte das suas vidas ao aprofundamento nos estudos do passado, com a utilização de documentos, testemunhos e histórias capazes de transmitir conhecimentos, que apresentam lutas, conquistas, dissolvendo preconceitos, solucionando enigmas, indicando caminhos limítrofes que atravessam máximas da evolução cultural de fatos reais ou fantásticos, uma história feita de muitas idéias e experiências, de eventos pessoais, confrontados com toda proficiência, as falsidades muitas vezes inventadas como desculpa (sociologia) (psicologia) (antropologia) relação amorosa de pouca importância… Da Cidade Eterna /Roma 🇮🇹 Itália comemoro sim! Os incansáveis historiadores, e em particular o nosso BRAVO Diego Kopke, desejando vida longa e sucesso no seu espinhoso e excelente trabalho.

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  3. Parabéns, trabalho maravilhoso, precisamos de pessoas com esse compromisso com a história do nosso município.👏👏👏

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