DE SANTO AMARO DE IPITANGA PARA LAURO DE FREITAS
O emblemático ano de 1962 é, sem
sombras de dúvida, um divisor de águas na História de Lauro de Freitas, do
Brasil e do mundo. Dois anos antes do golpe civil-militar, que mergulhou o
Brasil em um período de extremo autoritarismo e negação dos direitos civis e
sociais, emerge na geopolítica local a cidade de Lauro de Freitas, onde antes
era o tradicional distrito de Ipitanga e onde fora fundada a Freguesia de Santo
Amaro do Ipitanga.
No mesmo ano da emancipação de Lauro de Freitas, cresce a guerra entre comunistas e capitalistas, João Goulart chega ao poder com a renúncia de Jânio Quadros e o Brasil se destaca no futebol com a consagração brasileira em mais uma Copa do Mundo. Ainda nesse ano o Cinema Novo apresentava as mazelas sociais da nossa sociedade de uma forma nunca antes vista.
Bairro de Portão, Lauro de Freitas
Mas o que levou o distrito de
Ipitanga a se transformar numa cidade emancipada? Por que a cidade recebeu o
nome de Lauro de Freitas? Quais foram as consequências dessa mudança? Para que
possamos fortalecer a nossa identidade enquanto povo e sermos sujeitos narradores
da nossa própria história, faz-se necessário buscarmos respostas para essas e
outras perguntas.
Na condição de distrito de Salvador, de Ipitanga era uma localidade carente de políticas públicas, sobretudo nas áreas de educação, saúde, segurança e urbanização. Assim, começou a florescer no coração dos nativos um desejo de separar o distrito da capital. Pois, uma vez emancipada, a região poderia trilhar os caminhos do progresso.
Praça da Matriz década de 1960
Nesse contexto, surge no cenário político Paulo Moreira, um vereador de Salvador filiado ao PSD, que abraçou esse desejo dos nativos e o transformou num projeto de Lei. Contudo, a princípio, ele não teve base política para aprovar o projeto. Logo, teve que criar uma estratégia para sensibilizar seus pares, foi quando resolveu atribuir à nova cidade o nome de Lauro de Freitas.
Lauro de Freitas foi um
político bem conhecido na década de 1950 (candidato ao Governo da Bahia)
que morreu num trágico acidente de avião. Tal episódio provocou grande comoção
popular na época. Formado em Engenharia Civil na Escola Politécnica da Bahia,
foi desenhista e inspetor de obras de arte e professor de Cosmografia e Geofísica
do Ginásio da Bahia, mas se destacou como diretor da Viação Férrea Leste
Brasileiro.
Lauro Freitas nasceu em Alagoinhas
Com toda essa biografia, ao homenagear Lauro de Freitas, o vereador Paulo Moreira conseguiu em 1962 aprovar o projeto de Lei que criou a nova cidade. A questão foi que os nativos não gostaram da mudança do nome, pois para eles a expressão “Santo Amaro de Ipitanga” representava mais a cultura local.
Houve alguns protestos, mas
nada impediu a oficialização do nome, nem mesmo a militância aguerrida do poeta
Tude Celestino, uma das maiores expressões da literatura local, que recusava
mencionar nos seus escritos o nome da nova cidade.
Parque Shopping inaugurado em 2020
Nas últimas décadas, este território
passou por um conjunto de transformações em sua organização social, econômica e
política. De acordo com dados do IBGE, a cidade experimentou um intenso
crescimento demográfico e, sua população, de aproximadamente 10 mil habitantes
em 1970, passou para 113 mil pessoas em 2000. Atualmente, Lauro de Freitas, com
mais de 200 mil habitantes, é uma das cidades mais ricas da Bahia.
Com a chegada do Metrô, a construção
de um novo shopping e diversos empreendimentos, o município tornou-se “a menina
dos olhos dos políticos”.
Em 2015 parte de Ipitanga passou para Salvador
Mas o que o cidadão laurofreitense de bem espera é que este intenso crescimento econômico seja acompanhado de políticas sociais eficazes, na área da educação, cultura, saúde, meio ambiente e planejamento urbano, caso contrário, perderemos o sentido maior da nossa emancipação: crescer com qualidade!
Professor Tássio Simões Cardoso, publicado no livro "DE IPITANGA A LAURO DE FREITAS: NARRATIVAS HISTÓRICAS DO POVO IPITANGUENSE". O livro disponível na plataforma digital Amazon - https://www.amazon.com.br/Ipitanga-Lauro-Freitas-narrativas-ipitanguense-ebook/dp/B08BTX6RC5
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REFERÊNCIAS
CARDOSO, Tássio
Simões. Vozes do Quingoma: Processos formativos e tecnológicos
como contributos para o diálogo entre currículos praticados e escolares. 2018.
129f. II. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual da Bahia.
2018.
Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista com MBA em Comunicação
e Semiótica na linguagem artística
Bela cidade... Belas praias. Falta infraestrutura no turismo.
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