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Jazz Ladies - “mulheres de luta”


Jazz Ladies
       Dica de leitura: Jazz Ladies 


 

A história de uma luta, por Stéphane Koechlin, crítico musical da consagrada revista de variedades francesa Le Figaro. Escreveu uma série de livros, grande parte tratando da música negra e de artistas como o icônico John Lee Hooker, além de Michael Jackson, James Brown, Bem Harper e Bob Dylan. E agora me deparei com este registro marcante como o título sugere, um verdadeiro combate travado ao longo dos anos de emancipação da mulher, em especial as mulheres negras, as nossas majestosas rainhas do jazz.



 



O livro conta a vida de mulheres excepcionais que ficaram famosas e marcaram a história, como Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Mamphis Minnie, Sarah Vaughan, Nina Simone, Dee Dee Bridewater e tantas outras cantoras sensacionais, algumas não tiveram a mesma sorte com o sucesso, mas marcaram seu tempo e a história.

 




A obra apresenta a difícil batalha de mulheres que tentavam dar vazão à sua vocação artística e que perseguiam o sonho de serem cantoras e de ser reconhecidas como artistas, não apenas com rostinhos bonitos que adornam as bandas. Essa batalha foi ainda mais dura para as mulheres negras!

 




Ella Fitzgerald


A história do jazz feminino é uma trajetória longa e cheia de obstáculos, de Ma Rainey ou Bessie Smith e às atuais estrelas, como Diana Krall até a folk-jazz Norah Jones. As damas do jazz tiveram que enfrentar ao mesmo tempo racismo e misoginia. Intérpretes de menestréis a cantoras de orquestras que passaram a ser chamadas de “canarinhos” até encontrarem seu verdadeiro lugar na cena musical durante a guerra, quando os homens foram convocados e as mulheres tiveram um papel importante no jazz e na sociedade de modo geral. Mais tarde elas foram reconhecidas como grandes artistas.




Josephine Boyd




As cantoras de jazz deixavam os homens apaixonados. Era a única arma de que elas dispunham numa sociedade patriarcal e racista. Ser mulher não era fácil. Mas ser mulher negra, representava um obstáculo intransponível na época. Vindas da elegante Nova Inglaterra ou do Mississipi, elas se uniram ao seu povo e a arte para derrubar as barreiras e dar um fim a exclusão.




Tina Davis, Jazz - Trompetista




 

Os filmes deste período estigmatizavam as cantoras de jazz como alcoólatra, infelizes no amor, dominadas e as vezes vítimas de agressão. A mulher não era valorizada igualitariamente, muitas caíram na prostituição para sobreviverem. As cantoras negras a cada show, arriscavam a morte ou a prisão, sobretudo, quando se apresentavam com músicos brancos.

 





O livro apresenta uma narrativa de vidas que se cruzam, de existências cordiais, movidas por uma grande ambição e um forte espírito de rebeldia. Muitas, nascidas na mesma região, ou nos mesmos bairros. Cresceram juntas, distanciaram-se e depois se reencontram, brigaram e se reconciliaram.

 




O autor retraça a linha geográfica e política das artistas, a maioria cantoras e algumas musicistas, detendo-se nas que influenciaram a política e a sociedade, servindo de modelos até os dias atuais. Se hoje em dia as inúmeras estrelas gozam de uma liberdade aparente, tudo foi construído com muita luta lá no passado. Mas o perigo de recolocar as cantoras numa vitrine, ainda existe por aí, entretanto as mulheres aprenderam a se defender.






Assim nasceram, viveram e morreram as damas do jazz. Muitas não foram citadas na obra, mas temos a certeza de que todas as estrelas que atravessaram o céu, cujas as vozes nos encantaram e encantam através de suas obras, abalaram a vida do jazz e da cultura. De Betty Carter a Rose Murphy, a pequena flor com a voz infantil e a todas, sem esquecer Dionne Warwick e as estrelas que não tiveram a mesma sorte, onde a grande maioria desapareceu no círculo das grandes cantoras - Billie Holiday, Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan, que construíram suas carreiras com suas lutas, combates e sofrimentos. Elas permitiram às suas descendentes a conquista da liberdade e oportunidade de entrar pela porta da frente. Mas as ameaças que pesavam sobre as cantoras do passado não desapareceram para as belas vozes de hoje, a luta continua!

 





A sociedade é sempre tentada a mandá-las de volta ao glamour e à moda.  Poucas cantoras hoje em dia conseguem libertar-se do papel que os produtores e a mídia musical acenam.  As vozes contemporâneas interpretam baladas, caminham para o romântico e para as mesmices dos sucessos da semana. Poucas arriscam caminhos mais audaciosos! 


 



As três maiores cantoras da história fixaram o vocal de jazz por muito tempo, um canto revolucionário em sua época, mas que hoje é marcado por um classicismo bonito ao qual se refere a juventude atual. Mas o  canto feminino encontrou seu rumo em toda parte do planeta, pois o jazz atravessou fronteiras.  

 






A força das mulheres na música se espalhou pelo mundo com vozes e interpretações convencionais e outras bem mais originais, a exemplo das cantoras Mina Agossi, de origem africana em Besançon, parece ser uma das campeãs nos dias atuais, ao lado da Carmem Souza, Gretchen Parlato, Cyrille Aimée, Lous And Yakuza e dentre outras, com suas tonalidades, swing, originalidade, talento e a pluralidade musical que a colocaram no alto.   

 





Se você gostou da dica, sugiro que  leia o livro, recomendo este grande  almanaque do jazz, tendo como foco as cantoras e suas histórias.                                             





Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista com MBA em Comunicação 
e Semiótica na linguagem artística 
Jazz Ladies - “mulheres de luta” Reviewed by Márcio Wesley on junho 02, 2021 Rating: 5

Um comentário:

  1. O tempo as lutas se transformam. Ontem, hoje, sempre... A luta mostra-se sempre necessária.

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