Desequilíbrio social torna o crime atrativo!
Mais investimentos, menos violência!
A realidade é angustiante, o país vive longe do equilíbrio social, situação que vivemos há anos. As comunidades continuam convivendo com a precariedade e a ineficiência das políticas públicas, os problemas são muitos, mas, planejar e colocar em prática projetos que possam diminuir os impactos negativos são necessários. E tudo que possa ser feito neste sentido é sempre bem-vindo. Semana passada conversei com um amigo pelo WhatsApp e ele desabafou, "estou cansado de pedir apoio, de mostrar que vale investir em projetos culturais, esportivos e educacionais nas comunidades. Cansado de ouvir promessas de todos os lados e nada de significativo ser feito para diminuir a sedução da criminalidade", confidenciou. Infelizmente esta é uma triste realidade brasileira!
O que não falta são pessoas fazendo o possível e o impossível para manter a nossa juventude integrada no processo cultural e esportivo, como verdadeiras "armas" de proteção contra a desigualdade e a precariedade de políticas públicas. Essas lideranças são os nossos guerreiros que lutam diariamente por dias melhores, com projetos que vem mudando pontualmente a vida de muita gente.
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais...
Podres Poderes é uma canção de protesto não apenas contra a ditadura, mas também contra a corrupção e o descaso das classes governantes e a conivência de parte da sociedade brasileira. É uma canção que grita pedindo por mudança. Infelizmente, até hoje, vivemos sobre o poder das organizações perigosas que tomaram as nossas ruas, becos, vielas e a sociedade de modo geral. As organizações estão impregnadas no topo da pirâmide, mantendo muitas vezes a "integridade" institucional. Entretanto, em áreas de vulnerabilidade social a situação é preocupante com crianças e adolescentes aliciadas pelo crime. Ao invés de um caderno, livros, brinquedos e ou instrumentos musicais. Muitos exibem orgulhosamente armas de fogo. Isto acontece há anos, nada muda e lamentavelmente parece que não mudará. Para a gente aqui em baixo da pirâmide, nos cabe conviver e tentar redirecionar o rumo desta história, mas sem apoio, tudo fica extremamente difícil.
Guerra
social
Enfrentamos grandes problemas em relação à violência. Ela se manifesta diariamente, seja por aspectos relacionados à criminalidade, seja por questões étnico-culturais e a grupos minoritários. Um país que possui uma grande desigualdade social e uma distribuição de renda incrivelmente desigual que se perpetua historicamente, acaba por fornecer as condições para que atos violentos ocorram todos os dias, especialmente frente à ineficiência de um Estado fraco e corrupto. Esse quadro de violência que assola o Brasil fica melhor exemplificado a partir dos dados do Atlas da Violência 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2016, o país alcançou a marca histórica de 62.517 homicídios, segundo informações do Ministério da Saúde (MS). Isso equivale a uma taxa de 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes, que corresponde a 30 vezes a taxa da Europa. Apenas nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional.
Para conhecer um pouco melhor a violência que existe na realidade brasileira, devemos analisar os fatores que costumam causá-la, como os socioculturais, institucionais e o tráfico de drogas. Os fatores socioeconômicos mais graves que se relacionam com a violência são a pobreza e a fome. Em alguns casos, os crimes são cometidos em virtude da precariedade e da necessidade de grupos sociais periféricos e excluídos das possibilidades de emprego e trabalho.
Ao analisar essas questões socioeconômicas, Chesnais (1999, p. 55) destaca que “[...] o desemprego ou a ausência de renda levam à tentação da ilegalidade, visto ser fácil, por vezes, conseguir ganhos astronômicos à margem da lei [...]”. A desigualdade econômica percebida na falta de empregos formais, com carteira assinada, ou mesmo de trabalhos a serem executados pelos mais pobres, contribui para que grupos do crime organizado recrutem seus membros com facilidade. Para verificar essa relação entre a pobreza e a violência, basta observarmos a pesquisa do Atlas da Violência 2018, que aponta os estados do Norte e Nordeste com taxa de crescimento da violência superior a 80% no período analisado.
É sabido que muitos estados das regiões Norte e Nordeste apresentam um quadro histórico de pobreza e desigualdade social, o que amplia as ações criminosas e a violência de toda ordem. É evidente a urgência e a importância que se repensem e se reestruturem as formas como a reinserção social tem sido proposta no nosso país.
Precisamos de bons gestores e políticos capacitados desempenhando suas atividades dentro das suas áreas de formação ou de experiência. Só aqui no Brasil é que vemos em quase todas as esferas do Executivo, políticos de carreira "profissionais extremamente capacitados" que num dia assume a cultura, no outro educação e de repente pronto para dirigir à saúde. Enquanto não moralizarmos as competências no cenário público, não alcançaremos as políticas necessárias em nossas cidades. Passamos anos nos capacitando em nossas áreas e adquirindo experiência. Mas na politica é diferente, muitos se tornam "especialistas e gestores" da noite para o dia.
Jornalista com MBA em Comunicação
e Semiótica na linguagem artística
AMADEO, Edward. A evolução recente da oferta de trabalho e do emprego no Brasil. Notas sobre mercado de trabalho, Brasília, n. 1, jul. 1998.
MOREIRA, Marli. Estados perdem competitividade por causa de violência, aponta pesquisa. Agência Brasil. Disponível em: < http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-09/estados-perdem-competitividadepor-causa-de-violencia-aponta-pesquisa>
IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Atlas da violência 2018. Organizadores: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
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