Década de 80 foi uma onda cheia de novidades
Até hoje tenho uma antiga 3 em 1
Antigamente todo mundo se conhecia e os vizinhos se davam muito bem, as ruas eram o nosso playground. Não existia asfalto, adorava os paralelepípedos, acho charmosos. Durante a noite era comum jogarmos bola na rua (golzinho) com os amigos, brincar de polícia e ladrão, corre-corre, esconde-esconde e outras tantas brincadeiras.
Carnaval
Os
carnavais no final da década de 1980 foram mágicos, onde
começou o meu despertar musical e o sonho de poder tocar um
instrumento. A música sempre mexeu com a minha alma, sobretudo quando eu tinha a oportunidade de ver ao vivo artistas e suas bandas. As praças Martiniano Maia e da Matriz eram repletas de barracas enfeitadas com palhas de coqueiro e cada uma oferecia seu cardápio
(sarapatel, xinxim de galinha, feijoada, churrasquinho, carne de
sol, mocotó, caldos de sururu, camarão e muito mais). As famílias se reuniam para curtir o carnaval sem medo.
Adoro Sarapatel
Confesso
que tinha um medo da zorra dos destemidos laçadores e das caretas. Os famosos
mascarados com cipós e vestidos de macacões correndo atrás da gente pelas ruas, era
emocionante, risos...
Lá e Cá "Nordescópia"
Na Bahia existe Etiópia
Pro Nordeste o país vira as costas
E lá vou euMoçambique, hei
Por minuto um homem vai morrer
Sem ter pão nem água pra beber
E lá vou eu
E lá vou eu – Banda Mel
No São
João os moradores faziam fogueiras na porta de suas casas e as mesas eram
recheadas com comidas típicas (amendoim, laranja, milho, canjica, bolo de milho
e licor de jenipapo), tudo muito simples, mas gostoso demais, era uma zoeira
danada. Os moradores enfeitavam as ruas com bandeirolas e nos rádios, fitas cassetes e nas radiolas o forró rolava ao som de Luiz Gonzaga; Dominguinhos; Marinês; Sandro Becker; Genival Lacerda e
Clemilda. Quanta saudade!
A todo mundo eu dou psiu
Perguntando por meu bem
Tendo um coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá, vem cá tambémTu que anda pelo mundo
Tu que tanto já voou
Tu que fala aos passarinhos
Alivia minha dor
Rock nacional
Éramos
jovens é vivemos a era de ouro do rock nacional, cercado por
grandes artistas. Os programas de rádio e os Lps a nossa porta de entrada para as novidades
produzidas por Raul, Cazuza; Legião; Barão Vermelho; Heróis da Resistência;
Titãs; Paralamas; Ira; Camisa de Vênus; Engenheiros; Nenhum de Nós; Plebe Rude; Ultraje a Rigor e muito mais.
Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da naçãoQue país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que País é esse –
Legião
Gincanas
As famosas gincanas mexiam com a massa jovem, suas tarefas desenfreavam um corre-corre frenético para cumprir tudo no tempo determinado. As equipes mais famosas eram a Xiloló, com o maior número de vitórias e componentes. Omegamu, Ekibombão e dentre outras que não me recordo. Existiam ainda as gincanas de Itinga e Portão. No centro, tudo era organizado por Adilson Borges. A gincana mirim voltada para a criançada, era produzida por Sinaldo Pereira. Até hoje na estante da casa de meus pais ficam expostos alguns troféus que ganhamos com a equipe ‘Nova Esperança’, que representava a nossa rua Romualdo de Brito.
Religião
Foi na igreja católica que passei parte da minha juventude envolvido com arte e devoção. No grupo de jovens comecei a desenvolver e participar de projetos musicais e em produções de festivais multiculturais religiosos. O reflexo desse movimento foi importante para formação intelectual, cultural e religiosa de muita gente. Até hoje organizo festivais em nossa cidade.
A praça é nossa...
Ficávamos sempre na Praça da Matriz, próximo a Fonte Luminosa que foi destruída pela Prefeitura no começo dos anos 2000, para a construção da atual praça. Acabaram com um marco histórico, um importante símbolo para minha geração. No final da década de 1980 e comecinho dos anos 90, juntávamos a galera com violão embalado pelos hits da MPB. O repertório era bem diversificado: Belchior; Alceu Valença; Geraldo Azevedo; Marisa Monte; Caetano; Gil; Fagner; Elis; Lulu e dentre outros.
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receberÊ, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Jornalismo
Paralelo a tudo isso, entrou na minha vida o jornalismo. Eu sempre curtia as pautas culturais relacionadas a minha terra natal. Meu primeiro encontro foi lendo os jornais produzidos pelo mestre Gildásio Freitas, que entrevistava pessoas do município e publicava nestes periódicos. A partir daí fiquei inspirado e sigo nesta produção até hoje.
Momento nostalgia
Em 1985 o primeiro Rock in Rio
- A moda era chamativa com lycra, cores fosforescentes, enormes bijuterias, acessórios para o cabelo, pochete e regata.
- Eram pouquíssimos canais na TV e os programas deixavam a desejar no quesito tecnológico.
- Os aparelhos de videocassete permitiam gravar, retroceder, avançar, ver e rever filmes, clipes e outros programas.
- Os celulares não existiam! As pessoas viviam sem se preocupar em atualizar status, postar fotos, conferir os feeds. Aliás, as fotos só eram vistas depois de reveladas.
- Em 1983, os pesquisadores Luc Montagnier e Robert Gallo identificaram o vírus da AIDS.
- Fevereiro de 1986 foi um alvoroço mundial a passagem do cometa Halley.
- Em 9 de novembro de 1989, assistimos a queda do Muro de Berlim.
- Xou da Xuxa programa infantil lançado em junho de 1986.
- Programa Silvio Santos grande sucesso na TV brasileira.
Jornalista com MBA em Comunicação
e Semiótica na linguagem artística
Muito bacana a retrospectiva. Nostálgica e revigorante. Destaco a destruição da fonte... o poder não tem qualquer compromisso com a manutenção de valores culturais...
ResponderExcluirParabéns!!!
Obrigado.... Concordo, destruíram a nossa fonte...
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