Mais de 20 anos de Paixão de Cristo

 Por Márcio Wesley  

 

 

Paixão de Cristo de Lauro de Freitas o maior 

espetáculo de teatro ao ar livre da Bahia

Nesta Sexta-feira Santa vamos congratular de modo especial toda trupe que há mais de 20 anos apresenta a Paixão de Cristo da Bahia, aqui em Lauro de Freitas, mas que nesse momento de pandemia estão em oração e pedindo ao Jesus Ressuscitado que console as famílias enlutadas, restabeleça a saúde dos doentes e ilumine os profissionais que estão cuidando de toda nossa gente. A Paixão de Cristo de Lauro de Freitas foi inspirada no espetáculo produzido na década de 1980, uma pequena encenação em frente a nossa secular Igreja da Matriz Santo Amaro de Ipitanga pelos jovens paroquianos da época, liderados pelo teólogo Airton Marques, o evento aconteceu por alguns poucos anos. Entretanto a paróquia deu continuidade na Via Sacra pelas principais ruas da cidade durante a Via Crucis na Sexta-Feira da Paixão. A casa de meus pais é uma das estações até hoje. E para falar sobre o espetáculo convidei o meu irmão o ator e diretor teatral Duzinho Nery, que desde criança é apaixonado pela nossa cultura. Uma mente brilhante e um dos ícones da produção teatral da Bahia. Premiado em diversos festivais nacionais e reconhecido pela sua efervescência criatividade. 

   

Durante todas as edições foram contabilizados a participação de 

mais de duas mil pessoas no elenco, na equipe técnica e produção

        

Como tudo começou...

Começou logo após uma apresentação do “Oratório da Paixão”, no dia 7 abril de 1998, uma terça-feira da Semana Santa, no interior da Igreja Matriz, um espetáculo de autoria da baiana Odete Villas-Bôas, que vinha sendo apresentado desde 1981 pelo Coral Regina Sacratissimi Rosarii e pelo Grupo de Teatro Sacro da Bahia.

Primeira Paixão de Cristo em 28 de março de 1999

Após esta apresentação, um grupo de jovens católicos liderado por Duzinho Nery, que na época tinha 20 anos e iniciando sua carreira, teve o ímpeto de produzir e dirigir a “Paixão de Cristo”, com o apoio da Pastoral da Juventude da Paróquia Santo Amaro de Ipitanga, através do pároco Padre João Abel e de Irmã Elisabeth Oliveira, que deram o suporte suficiente para o pontapé inicial do projeto. A peça fez sua estreia no dia 28 de março de 1999, na Praça da Matriz, no Domingo de Ramos, às 17h. A plateia sentada em cadeiras das salas do Centro Comunitário, disponibilizadas pela Paróquia, arrumadas no meio da rua, que foi interditada exclusivamente para apresentação.

O ator e diretor do espetáculo Duzinho Nery 

Espetáculo teatral a céu aberto...  

A Praça da Matriz se tornou o palco natural do espetáculo “Paixão de Cristo”, se constituindo no maior espetáculo de teatro ao ar livre da Bahia, tanto pelo número de integrantes do elenco, com mais de trezentas pessoas, quanto pelo grande público que assistia à apresentação na Arena da Paixão, aproximadamente 10 mil pessoas por dia, ocupando todos os espaços nas arquibancadas montadas no entorno da praça.

O espetáculo já encenou 21 edições ininterruptas, todas realizadas pela Sociedade Cultural Távola, sob a labuta do diretor teatral e produtor cultural Duzinho Nery, enfrentando todas as dificuldades para se produzir um espetáculo desta magnitude, com a escassez de patrocínio, mesmo integrado ao Calendário Cultural das Manifestações Tradicionais de Lauro de Freitas, que “garantem” recursos do Fundo Municipal de Cultura. Em 2018 e 2019, a produção se viu obrigada a limitar em apenas uma única apresentação, em vez das quatro como de costume e tradição.

Contemporaneidade marca o enredo da produção multicultural     

Patrimônio cultural...

Na sessão Ordinária de 7 de abril, foi aprovado pela Câmara Municipal, o Projeto de Lei nº 005/2019, de autoria do presidente da Casa, vereador Antônio Rosalvo (REDE), declarando como Patrimônio Cultural Imaterial do município de Lauro de Freitas a encenação do espetáculo teatral Paixão de Cristo, realizado pela Sociedade Cultural Távola. Se tornando Lei Municipal nº 1.789, sancionada pela prefeita Moema Gramacho no dia 5 de junho de 2019.

O reconhecimento dos Poderes Legislativo e do Executivo municipal, legitima uma atividade de cunho cultural, um reconhecimento afetivo da comunidade ipitanguense e do povo baiano, perante a este belo patrimônio cultural de Lauro de Freitas. Garantindo a sua salvaguarda através da íntima relação e formação de seu povo. Durante todas as edições do espetáculo, foram contabilizados a participação de mais de duas mil pessoas, seja no elenco ou na equipe técnica/produção. Marco histórico para o município, o que comprova o princípio de pertencimento da população por este espetáculo.

Dezenas caravanas de várias cidades vem prestigiar a encenação

Turismo cultural...  

A Paixão de Cristo realizada em Lauro de Freitas, se torna também um forte atrativo do turismo cultural e religioso baiano, caracterizado pelas dezenas de caravanas oriundas de várias cidades do estado que vem prestigiar a encenação anualmente. Demonstrando desse modo, a capacidade de atração e vocação turística, que pode inserir a cidade no roteiro oficial do turismo baiano.

Com a pandemia...

Infelizmente, por conta da pandemia da COVID-19, o espetáculo não foi realizado pela primeira vez na história. Ficando uma enorme lacuna na arte e na cultura da cidade. Mas para este ano (2021), a produção prepara uma grande surpresa. E no ano de 2022, a Paixão de Cristo da Bahia, entrará no circuito de grandes espetáculos nacionais, realizando no município um projeto arrojado, para tanto, já se encontra em busca de parceiros na inciativa privada.

"Deus não dá para gente uma cruz maior do que possamos carregar"

Considerações finais...

Quero agradecer a minha família que estar sempre ao meu lado e faz parte desse sonho que se tornou em uma grata realidade cultural. Aos amigos que até hoje estão aqui comigo nesta jornada e aos que passaram e deixaram suas sementes criativas. A nossa comunidade que sempre apoia e incentiva a nossa Paixão e ao Nosso Senhor Jesus Cristo que nos concede a força necessária para continuarmos a caminhada. Deus não dá para gente uma cruz maior do que possamos carregar. Se cuidem e até 2022!

*fotos do arquivo de Duzinho Nery

 Márcio Wesley | DRT/BA 5469

 Jornalista | MBA em Comunicação 

 e Semiótica na linguagem artística 

  Licenciando em História

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