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Saudade dos paralelepípedos!



 Por Márcio Wesley



Saudade dos Paralelepípedos



Alguns moradores antigos ainda chamam a cidade que nasci, fui criado e estou criando os meus filhos, de Santo Amaro de Ipitanga, este era o nome antes da emancipação, em 31 de julho de 1962, quando rebatizaram descabidamente de Lauro de Freitas, que foi um importante engenheiro civil baiano, mas que não tinha nenhuma raiz ou relevância com a nossa gente. 

A escolha foi uma estratégia para facilitar a emancipação, na ocasião os políticos baianos estavam sensibilizados com a morte prematura de Lauro Farani Pedreira de Freitas e essa seria uma oportunidade para eternizá-lo. Lauro de Freitas estava em plena campanha eleitoral e seria provavelmente governador da Bahia, o que tudo indicava, mas o destino não quis e o nobre candidato morreu em 1950, poucos dias antes do pleito de outubro, em um trágico acidente aéreo, às margens do Rio São Francisco. 

Lauro de Freitas é um nome que não me agrada, mas fazer o que, na ocasião a comunidade foi contra a troca de nome, entretanto, tiveram que aceitar duramente a determinação politizada. Nasci em 1974 e passei a infância ouvido meus pais, meu avó e os moradores mais velhos chamarem Lauro de Freitas de Santo Amaro de Ipitanga, eles não aceitavam o "novo nome". 


Tive uma infância massa...  

Eu corria pelas ruas de paralelepípedos e jogava bola com os amigos, mas se a bola batesse na porta de seu Domingos Balaeiro, ele se danava, era tudo muito divertido. Nossos pais viviam sem stress ou preocupações conosco, tínhamos respeito pelos mais velhos, éramos crianças com brincadeiras de crianças e a violência, um assunto de outro mundo. Não existia internet e ou celulares. Telefone fixo um privilégio para poucas famílias, a maioria tinha condições de comprar uma linha. As televisões com pouquíssimos canais, uns cinco no máximo.


A socialização era uma alternativa fácil, o digital não fazia parte da rotina, a Rua Romualdo de Brito, onde morei e até hoje moram meus pais, um verdadeiro parque de diversões a céu aberto, além de golzinho, pega-pega, garrafão e muitas outras brincadeiras, tínhamos campos de futebol, mas era preciso atravessar o Rio Ipitanga. No verão não precisávamos nadar, a água batia nos joelhos. Do outro lado do rio, existia um campo enorme de areia, onde eram realizados campeonatos, torneios e babas no final de tarde. Tinha também um campinho de capim rasteiro que era bem legal. Próximo aos campos existiam resquícios de Mata Atlântica e uma lagoa onde avistávamos patos selvagens, passarinhos, sucuris e até jacarés. Mas como nada é para sempre, infelizmente o local foi devastado, o apito final foi dado, o progresso chegou e o concreto tomou conta de tudo com a construção do Condomínio Ipitanga. 


 Márcio Wesley | DRT/BA 5469

 Jornalista | MBA em Comunicação 
 e Semiótica na linguagem artística 
 Licenciatura em História 
www.blogdomarciowesley.com.br
Saudade dos paralelepípedos! Reviewed by Márcio Wesley on março 30, 2021 Rating: 5

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