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DJ Branco: “O HIP HOP É A VOZ DOS EXCLUÍDOS"

Por Márcio Wesley 



Rap é compromisso
"Fazedores de cultura e conselheiros de cultura devem
propor e cobrar para que o avanço aconteça de forma efetiva"


O nosso bate-papo é com um amigo que admiro, um guerreiro que não desiste da batalha e que segue sua jornada como um verdadeiro soldado do movimento hip-hop baiano, “eu me chamo Hamilton Oliveira, conhecido por todos como DJ Branco, tenho 39 anos, moro no bairro do Jambeiro e conheço a cidade de Lauro de Freitas há 19 anos”. As suas primeiras vindas ao município foram para participar de ações junto ao 'Movimento Hip-hop e Posse de Conscientização e Expressão (PCE)'. Promovendo encontros, seminários, debates e a formulação de importantes projetos, sobretudo na construção de políticas públicas culturais. DJ Branco há 13 anos apresenta o programa Evolução hip-Hop, na Rádio Educadora FM, considerado uma referência em nosso estado e no Brasil. 


Dj Branco, Evolução Hip Hop
"O hip-hop me fez entender o mundo como ele é: 
sem maquiagem, sem ilusões e sem contos de fadas" 


 O nome DJ Branco...

Por eu nascer de cor de pele mais clara, minha avó Noêmia Ferreira do Amaral, quem me criou, foi minha mãe e meu pai, hoje está em outra vida em Orum. Foi  quem me deu o apelido de Branco, e apelido de vó ninguém tira, risos. E quando me tornei DJ, fui batizado de DJ Branco, mas sou negro e muitos amigos brincam dizendo que sou o branco mais preto da Bahia.  


Diário de um detendo...  


Conheci a cultura hip-hop em 1998 e tudo aconteceu de forma involuntária. Na época eu trabalhava em uma lanchonete no Terminal Marítimo de Salvador e no horário do almoço costumava assistir a MTV. Num belo dia, liguei a televisão que era em preto e branco e me deparei com o clipe que mudou a minha vida, ‘Diário de um detento’, dos Racionais Mc’s. Aquela música chamou a minha atenção, comecei a pesquisar e descobrir que era música Rap e daí me apaixonei de vez.


DJ Branco na Rádio Comunitária Avançar 2001
DJ Branco na Rádio Comunitária Avançar, 2001 


A rádio... 

Em um dia mágico do ano 2000, a Rádio Comunitária Avançar (sistema de alto falante), do Bairro da Paz, onde eu fui criado, iniciou um programa que só tocava música Rap e eu ficava encostado no poste de energia, debaixo do alto falante todos os sábados escutando o programa. Teve um dia que deu vontade de conhecer como funcionava a rádio por dentro, fui até lá e bati no portão cheio de vergonha, fui atendido por Nanal que apresentava o programa. Ele gentilmente me apresentou o estúdio e me fez o convite para ajudá-lo na condução do programa: eu falei que só era fã, que não tinha experiência em rádio e não sabia mexer em um botão se quer. Ele me explicou que eu iria trocar CD, fita k7 e atender telefone. Imediatamente aceitei e comecei a acompanhá-lo no estúdio e foi lá que conheci de perto a cultura hip-hop e o amor pelo rádio. Um certo dia Nanal que é um amigo e mantenho até hoje contato com ele, falou que não iria mais fazer o programa e que eu iria assumir o lugar dele. Eu falei que não sabia o que fazer nem como fazer, foi quando um dos fundadores da rádio, Rafa Lima, disse que eu sábia sim, e que iria me ajudar dando oficinas de operação, locução e edição de texto para rádio. Em 2001 criei o programa Hip-Hop na Paz, junto com meu amigo Mc Bagdá.


Movimento hip-hop

Até então eu não conhecia como funcionava o movimento e a cultura hip-hop na Bahia, foi quando minha vizinha Marize me disse que a sua prima Alexandra, cantava em um grupo de Rap chamado ‘O Grito’ e que ela fazia parte do movimento hip-hop. Imediatamente pedi para que ela convidasse a prima para que eu pudesse entrevistá-la no programa. Durante a entrevista Alexandra contou que havia uma articulação do movimento hip-hop em Salvador e na Região Metropolitana, a Posse Ori, que se reunia todas as sextas-feiras no centro de Salvador para discutirem ações e projetos. Fui a um encontro e comecei a participar, logo me engajei no movimento. De lá pra cá, passei pelas Rádios Popular FM, no bairro de Mussurunga, onde criei o programa Evolução Hip-Hop, pela Nova Onda FM, no Jardim das Margarias e hoje estou com o Evolução Hip-Hop na Rádio Educadora FM 107.5, há 13 anos.


Projetos e ações...

Junto com Mc Bagdá e Tom, criamos a ‘Posse Clã Periférico’ no bairro da Paz e começamos a desenvolver várias ações de cunho sócio-político-cultural na comunidade. Desde quando iniciei no movimento e na cultura hip-hop, fiz parte da ‘Rede Aiyê Hip-Hop’ onde ajudei a organizar e produzir diversos projetos. Fui conselheiro e secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado da Bahia (CDCN); Conselheiro do Conselho de Cultura do Estado da Bahia (CEC) e conselheiro Setorial de Música do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC/MINC). Fiz parte do Colegiado Setorial de Música do Estado da Bahia (Funceb/Secult) e integrei o Comitê Gestor Estadual e Nacional do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra (Juventude Viva). Enfim, a minha próxima empreitada é inaugurar e fazer a gestão da Casa do Hip-Hop Bahia, que já tem sede no Pelourinho.  


A cultura mudou a vida...

O hip-hop me fez entender o mundo como ele é: sem maquiagem, sem ilusões e sem contos de fadas. Abriu a minha mente para outros horizontes. A cultura hip-hop representa vida, pé no chão, determinação e persistência. Na minha comunidade e em todas as periferias do mundo essa cultura é a voz dos excluídos, desejo de mudança, transformação e resistência.


Mameto Kamurici,  Dj Branco e Mãe Cacau no lançamento do 
   documentário Àkàrà, no fogo da intolerância, 2019  
foto: Tom França


Políticas públicas culturais...

Eu moro em Lauro, mas não sou 100% orgânico aos debates do município, tem pessoas mais engajas. Digamos que sou 60% orgânico, tenho uma vida muito corrida para pagar as contas. Mas já colaborei muito e ainda continuo colaborando com as políticas culturais do município participando de encontros promovidos por organizações, entidades e gestão municipal. As políticas culturais precisam avançar? Sim! Precisam avançar muito, agora cabem aos fazedores de cultura e aos conselheiros de cultura do município se empenharem, propor e cobrar para que o avanço aconteça de forma efetiva. Porque se depender só da gestão pública, nenhuma política reparatória vai à frente. Acorde, levante e lute!


Dia municipal do Hip-Hop...

Hoje em Lauro de Freitas existe o projeto de Lei Nº 1.636, de 30 de junho de 2016, que institui o "Dia Municipal do Hip-Hop", o qual é de minha autoria que na época foi apresentado e defendido na Câmara de Vereadores, pelo ex-vereador Paulo Aquino. A lei foi aprovado por unanimidade e passou a ser celebrado anualmente no dia 12 de novembro.

 

Considerações finais...

Agradeço pelo espaço e pelo convite. Com fé nos Orixás, em Deus e nos encantados, tudo isso vai passar e em breve voltaremos a nos reencontrar pessoalmente. Enquanto isso, peço #vacinaparatodos. Cumpram as orientações da Organização Mundial de Saúde e aos decretos de prevenção ao Covid-19 estabelecidos pela prefeitura de Lauro de Freitas.


 Márcio Wesley | DRT/BA 5469

 Jornalista | MBA em Comunicação 
 e Semiótica na linguagem artística 
 Licenciatura em História 
 www.blogdomarciowesley.com.br

 

DJ Branco: “O HIP HOP É A VOZ DOS EXCLUÍDOS" Reviewed by Márcio Wesley on março 29, 2021 Rating: 5

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