"Meu foco são pessoas, independente se são atletas ou não" - Gesse Ferreira -
Gesse Ferreira, formada em educação física e personal traine em Lauro de Freitas |
Olá Márcio tudo bem? Eu sigo seu blog e fico atenta em suas produções. Uma vez você fez uma entrevista sobre a nossa "geladeiroteca" aqui no bairro de Pitangueiras, que funciona até hoje. Em nossa comunidade temos uma personal traine, ela faz um trabalho super legal com um público diversificado: crianças, jovens e idosos. O nome dela é Gesse. Ela deseja comemorar o aniversário de 42 anos através de uma corrida com alunos, amigos e a comunidade. Será uma maratona, chamada de "maratonei" com o objetivo de percorrer 42 quilômetros. Gostaria de saber se você tem interesse de fazer uma entrevista com ela?
Professora Luciana Moreno
O nosso blog é justamente para isto, revelar a força proativa de personalidades da nossa comunidade. Entrei em contato com Gesse Ferreira para conhecer um pouco da sua história e fiquei encantado. O que posso adiantar é que ela é uma mulher determinada, apaixonada pela educação física e em cuidar da saúde dos seus alunos, que vão dos 14 aos 80 anos. Para ela o que interessa é, "mente sã e corpo são", ou seja, saúde mental e física. Sendo assim, vamos conhecer essa incansável personal que tem a missão de cuidar de pessoas.
E sua história em Lauro de Freitas?
Nasci em Feira de Santana, mas vim
morar em Lauro de Freitas com minha família aos 17 anos. Aqui me senti
abraçada, pois foi aqui que concluir meus estudos e ingressei no ensino superior. Nesta cidade que me abraçou, muitas portas se abriram. Da faculdade ao mercado de trabalho em áreas diversas. Mas foi depois da formação na área de educação física que tudo mudou e passei a realizar minhas primeiras atuações neste segmento.
Quem prática atividade física acaba recebendo um combo de benefícios
E o esporte?
Não sou profissional de um esporte
específico. Apesar de amar e ter um pouco de destaque na corrida de rua, de forma amadora.
Estive até em alguns pódios e obtive boas colocações em minha modalidade.
Justamente por ser um esporte livre e que não necessita de muito
recurso ou equipamentos específicos, além de um tênis e disposição. E não precisa
ser um maratonista, por exemplo.
Atletas profissionais ou qualquer pessoa?
Meu foco são pessoas,
independente se são atletas ou não. Atualmente atendo alguns públicos
bem específicos, idosos, mulheres e adolescentes. Mas me sinto apta a
treinar qualquer pessoa que tenha interesse por atividade física ou saúde. O objetivo maior do meu trabalho é atender a necessidade do
indivíduo, respeitando suas especificidades. E isso para mim significa
respeitar seus limites, potencializar suas habilidades e competências.
Saúde e qualidade de vida...
Existem muitos benefícios, mas não podemos deixar de lado que a saúde é o fundamental. Mas, para além disso, a questão estética é também importante, observe que aqui não estamos falando de atender a um padrão específico, mas de cuidar do bem-estar físico, psíquico e comportamental.
Outra questão fundamental da atividade física
é que ela favorece o relacionamento do indivíduo com outras pessoas, a
socialização. E, depois, você acaba descobrindo que um benefício não existe sem o
outro. Quem prática atividade física acaba recebendo um combo de benefícios.
Dia 17 de setembro, concentração às 6h30, Praia de Vilas do Atlântico na barraca Araruama |
E a corrida agora em setembro?
Fiz 42 anos no mês de agosto e pensei, estou fazendo uma maratona de vida! Porque uma maratona são justamente 42 km. E eu associo muito minha vida a corrida. Até porque minha vida é uma maratona no sentido de tudo que já enfrentei e os obstáculos que já transpus. E na minha vida não alcancei nada sozinha.
Os meus alunos sempre foram indicados por alguém que confia no meu potencial ou por um outro aluno. Alguém que me viu dando aula para outras pessoas e gostou da minha metodologia, ou seja, tive muitas pessoas me apoiando, segurando, me arrastando e até me puxando. Portanto, será uma maratona em que todo mundo vai correr respeitando seus limites, mas principalmente, todos juntos.
Eu espero neste dia comemorar com meus alunos, amigos e familiares minha vida e minha profissão. A ideia é celebrar a prática da atividade física e reconhecer a corrida de rua como uma atividade importante.
Dia 17 de setembro, com a concentração às 6h30, na Praia de Vilas, barraca Araruama, onde realizo todos os sábados um treino funcional na areia. Essa corrida não tem idade e nem modalidade. A ideia é que cada um corra o que pode, o que conseguir. O importante é estar lá. Não tem inscrição. Organizamos camisas para os nossos alunos e parceiros, mas ficaremos felizes em integrar quem chegar.
Vale ressaltar que não haverá premiações, mas teremos sorteios de brindes de empresas parceiras do ramo do esporte, fitness e de serviços ligados ao comércio da nossa cidade. E aí vale para quem estiver lá
conosco, independente de ser aluno ou não.
A minha prioridade é a questão da saúde. E quando eu falo em saúde, não me limito a física, mas também a mental
Você se considera uma atleta profissional?
Não sou atleta profissional, sou amadora. O que acaba sendo muito importante na minha profissão, porque eu mostro aos meus alunos que qualquer um com a assistência de um bom profissional e dedicação pode colocar a atividade física como prática cotidiana.
Mas como disse anteriormente, já obtive pódios e premiações. O esporte é para todos, não é necessário ser um atleta de alto rendimento. A minha prioridade é a questão da saúde. E quando eu falo em saúde, não me limito a física, mas também a mental. A pandemia veio para provar isso, dessa necessidade de realizar a atividade física como uma forma de cuidado integral do humano. E outra coisa, nem sempre o atleta de alto rendimento está associado a essa ideia de saúde.
E os resultados positivos?
Entre meus alunos idosos, por exemplo, o ganho de massa muscular é algo importante, sendo que aos 30 anos há relatos de sarcopenia, (redução da massa muscular que pode comprometer o desempenho físico das pessoas). Certa vez, fui parabenizada por uma nutricionista por ter conseguido aumentar massa muscular de uma aluna idosa de 78 anos.
Tenho alunos idosos que nunca fizeram qualquer atividade física e que começaram depois dos 70 anos. Isso impacta positivamente, sobretudo no ganho de mobilidade, força e estabilidade, algo fundamental para autonomia do idoso. Tenho alunos (da melhor idade), que estavam sem se movimentar e hoje já tem a segurança de ir à padaria e voltar com algum peso.
Algumas das minhas alunas do grupo Mulheres 30+ pararam de usar medicações orientadas pelos ginecologistas e endocrinologistas, graças as atividades físicas
Mulheres 30+
Minhas alunas do grupo 30+, também são exemplos empolgantes. Pacientes de SOP (Síndrome dos ovários policísticos "SOP", uma doença endócrina que atinge cerca de 5% a 20% da população feminina em idade reprodutiva. Os seus principais sintomas estão o aumento dos pelos faciais, acne e menstruação irregular), usavam medicação e pararam, orientadas pelos ginecologistas e endocrinologistas, graças as atividades físicas.
Elas relatam que o treino é um momento importante e terapêutico na vida delas. Entre os adolescentes, vejo a concentração, a constância na atividade física, um reconhecimento de si e de seus corpos, além do ganho de força.
Veja, eu tenho alunos de 80 anos que nunca entrou numa academia e jovens de 14, que já tem essa oportunidade. Ambos se beneficiando da atividade física em suas vidas.
O que precisa melhorar?
Pensando no universo da educação física, serei bem pontual. Penso que deve melhorar o reconhecimento e a devida
importância desses profissionais. Nós trabalhamos com a prevenção, no
tratamento e na recuperação da saúde das pessoas. Deveríamos ser reconhecidos como profissionais fundamentais na área da
saúde.
Os trabalhos comunitários?
Em 2019, quando me formei, comecei um trabalho voluntário com grupos da terceira idade, infelizmente a pandemia interrompeu esta ação por ser considerado este um grupo de risco. Agora em 2023, estou retomando este projeto.
Não posso deixar de mencionar que eu sou uma mulher que entrou na
faculdade com 36 anos, o que considero muito importante, sinalizando que nunca é tarde para realizarmos nossos sonhos, apesar de
saber que existem profissionais de excelência e com vasta experiência ao meu
redor. Mas sinto dentro de mim, minha empolgação, sede de aprender e de
oferecer o melhor para os meus alunos. Penso que isso seja algo significativo.
Sou uma mulher que entrou na faculdade com 36 anos, o que considero muito importante, sinalizando que nunca é tarde para realizarmos nossos sonhos
Memória afetiva em Lauro?
Das memórias, lembro de forma saudosa
de ir à praia andando. Como moro em Pitangueiras, íamos muito para
Vilas e era divertido. Ainda mais que sou feirense, então, para mim ir à praia
era a coisa mais incrível. Outra lembrança era a festa que existia no barracão
de Pitangueiras no mês de São João. Tenho muitas saudades.
Agradecimentos
A Deus primeiramente, a
minha família, aos meus alunos, amigos, parceiros e a você Márcio pela
oportunidade de dialogar e ser uma personagem desse meio de comunicação
tão importante para a nossa cidade.
- Instagram / @gesseferreirapersonal
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Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista com MBA em Comunicação
e Semiótica na linguagem artística / Licenciando em Artes
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