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CAMAÇARI TEM 463 ANOS E NÃO 263 REVELA PESQUISA



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Camaçari passará  comemorar sua data de fundação no dia 29 de maio e  emancipação no dia 28 de setembro 




No dia 30 de novembro de 2021 o vereador Jamesson Silva apresentou ao Plenário da Câmara de Vereadores de Camaçari, a discussão do Projeto de Lei 085/0221, que reconhece o dia 29 de maio de 1558, como a data de fundação do município. Seu pleito reivindica urgentemente a correção da Lei n° 293, de 22 de dezembro de 1993, com a alteração da data histórica.  


Um marco que merece ser comemorado em um País onde atualmente se desfavorece e não incentiva as pesquisas. Sabemos que por meio das pesquisas  podemos desvendar coisas novas. Se estamos comemorando esta importante reparação, isso se deve a um extenso trabalho historiográfico que validou a notável descoberta.     



Vamos ao assunto...


Em 29 de setembro de 1957, foi instituído pelo então prefeito de Camaçari José Evaristo de Souza, a Lei municipal 053/1957, que celebrava o "Dia de Abrantes" em homenagem aos feitos históricos e heroicos da Vila da Nova Abrantes do Espírito Santo, hoje, conhecida como Vila de Abrantes. O "Dia de Abrantes" passou desde aquele momento a ser celebrado, anualmente, no primeiro domingo após o dia 28 de setembro e a partir do Dia de Abrantes, os festejos cívicos do município passaram a ser celebrados no dia 28 de setembro, sendo este dia feriado municipal.



Vereador Jamesson Silva 



O "Dia de Abrantes", ou mesmo o dia 28 de setembro, não celebram a data de fundação da cidade, que ocorreu no dia 29 de maio de 1558. Mas, comemora a emancipação política do município, ratificada pela Lei municipal 283, de 22 de dezembro de 1993. O historiador, pesquisador e professor Diego de Jesus Copque, durante duas décadas se dedicou a pesquisar a história de Camaçari, que resultou na publicação do seu livro: "Do Joanes ao Jacuípe uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais".


Diego fundamentado em vasta documentação e fontes, revela que o município completou 463 anos de fundação e não 263. Ora, tendo como marco crucial o momento em que o Aldeamento do Espírito Santo, 200 anos após sua fundação, se tornou Vila da Nova Abrantes do Espírito Santo.


Nas páginas da apresentação do livro "Do Joanes ao Jacuípe” o pesquisador e professor Dr. em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Sérgio Guerra, diz o seguinte - “Neste texto, Diego para justificar suas preocupações e sempre muito bem documentado, aponta a fundação do Aldeamento de Abrantes, a escola de catequese jesuítica e a fortificação. 


Tanto quanto a construção inicial do Colégio, também jesuítico, que deu origem à cidade de São Paulo, e cobra o mesmo tratamento para a nossa Vila de Abrantes, pois se lá, no sul, o critério foi a criação do Colégio e seu pátio como o fato que deu origem à atual metrópole, capital do Estado de São Paulo, por que não usar o mesmo cá? Esta é uma questão que deve ser considerada como importantíssima para todos. (COPQUE, 2021, p. 28-22).






De acordo com a transcrição de trechos da introdução do livro “Do Joanes ao Jacuípe”, Diego Copque, afirma: “a história do Aldeamento do Espírito Santo suscita uma emblemática discussão relacionada ao marco de nascimento de Camaçari, pois, este município completou 463 anos de fundação distinto dos 262 anos, comemorados a título de estabelecimento da Vila de Abrantes”.

 


Fundação da Aldeia...  


Segundo o padre jesuíta e historiador português Serafim Leite, o Aldeamento do Espírito Santo foi fundado em 1558. Nos meados deste mesmo ano (no dia de Pentecostes) O Padre João Gonçalves e o Irmão Antônio Rodrigues fundaram a aldeia do Espírito Santo (Abrantes). 


Seu nome de batismo foi dado em alusão ao dia 29 de maio do mesmo ano, por ter sido celebrado nesse dia a Festa de Pentecostes, ou seja, era dia da celebração ao Espírito Santo, padroeiro do recém-instalado Aldeamento.


Segundo o historiador Georg Thomaz -  “Como naquele tempo era costume dar-se a uma nova fundação o nome do Santo do dia ou da festa eclesiástica, parece bem provável que o dia da fundação de Abrantes tenha sido o dia da festa de Pentecostes de 1558”.



No dia 09 de dezembro na presença dos familiares Diego Copque recebeu o título  de Cidadão Camaçariense por indicação do vereador Vavau Amorim 



Reparação...


Camaçari possui um sítio arqueológico que é devidamente reconhecido como remanescente do período de fundação do Aldeamento do Espírito Santo no século XVI. No entanto, a data de fundação da cidade que deu origem àquele sítio arqueológico é de 200 anos posterior à datação do sítio. (COPQUE, 2021, p. 27-40).


A historiadora portuguesa Drª  Ernestine Carreira, diretora do Institut des Mondes Africains, da Universidade de Aix-enProvence / Marseille na França, no prefácio do livro declara -  “A obra de Diego Copque é em tudo inovadora. Investiu largos anos na compreensão de um contexto particularmente complexo e sobre o qual circulavam informações errôneas. ” COPQUE, 2021, p. 23-26).


O que ocorreu no dia 28 de setembro de 1758, foi a pseudo "emancipação civil" dos povos indígenas do Aldeamento do Espírito Santo que os tornou “súditos” da Coroa portuguesa, consequentemente, a elevação desse aldeamento ao status de vila, tornando os índios da América Portuguesa, ou seja, da colônia do Brasil, tributário do rei de Portugal. Essa data é celebrada anualmente no dia 28 de setembro, para muitos munícipes como se fosse aniversário do município de Camaçari. 



Livro do Joanes ao Jacuípe - Diego Copque



No entanto, o município deixa de celebrar sua data de fundação, que ocorreu no século XVI, comemorando apenas a data da emissão da Provisão Régia de 28 de setembro de 1758, que proclamava a mudança de status do Aldeamento do Espírito Santo para Vila da Nova Abrantes do Espírito Santo, em virtude do cumprimento da Lei de 08 de maio de 1758, que “concedeu liberdade e direitos civis aos povos indígenas no Brasil”, através da implantação do Diretório Pombalino instituído em 17 de agosto de 1758, o que carece de correção, visto que Camaçari é uma das cidades mais antigas do Brasil tendo completado 463 anos de fundação.

 


Exemplos de cidades brasileiras


Vale ressaltar que no Brasil, cidades como Florianópolis (SC) passou a considerar coerente a comemoração da sua fundação ao invés da emancipação, e, com exemplo mais próximo, o município de Feira de Santana, recentemente corrigiu a data de comemoração do aniversário da cidade, de acordo com pesquisas de historiadores. Inexplicavelmente Camaçari optou por celebrar tão somente a emancipação política, desconsiderando uma parte valiosa da sua construção.

 



Diego como se deu a sua pesquisa sobre essa nova data?


Como está registrado na introdução do livro “Do Joanes ao Jacuípe, uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais”, por volta do ano de 2002, durante a realização de uma pesquisa no acervo de antigos jornais na Biblioteca Pública dos Barris, encontrei um exemplar do jornal A TARDE, de 12 de setembro de 1977, que nos trouxe a seguinte manchete: “Migrantes chegam a Camaçari em busca de uma vida melhor”. 



Diego Copque
Historiador, pesquisador e escritor Diego Copque  


O título da matéria me levou sugestivamente ao questionamento de como teria sido Camaçari antes da chegada daqueles migrantes e antes do estabelecimento do polo petroquímico em 1978, e em quais circunstâncias chegaram os primeiros povoadores ao lugar que viria a se tornar município de Camaçari. Minhas indagações forjaram uma nova perspectiva de estudo e conduziu paulatinamente minha pesquisa à origem de Camaçari junto à gênese do processo de colonização portuguesa de nosso país no século XVI.



Título do Jornal levou Diego a pensar sobre
a história de Camaçari 




Por que erraram a data de fundação da cidade?


Os livros e pesquisas que tínhamos disponíveis referente especificamente à história de Camaçari se deu a partir do esforço de pesquisas empreendidas por memorialista que, apesar de todos os esforços e boa vontade, para escrever e perpetuar a história de nossa cidade, seus trabalhos não dispunham de um conhecimento teórico e metodológico que requer uma pesquisa historiográfica. Por essa razão houve alguns equívocos relacionados à história da cidade. Esse fato explica o porquê do equívoco.




Vereador Jamessom Silva qual a importância desta descoberta?


Camaçari teve suma importância no processo de consolidação da independência política e econômica da Bahia e do Brasil; e isso é indiscutível. Essa correção sobre a data da fundação de nossa cidade vai colocar o município no cenário histórico e cultural em nível nacional com o justo patamar que Camaçari merece por ter participado de todo o contexto de lutas e discussões do Brasil desde o período colonial. 



Vereador Jamesson Silva



A história tem que ser contada com todos os seus personagens. Camaçari foi uma grande protagonista omitida por muitos anos. Essa é a grande verdade...

 


Camaçari passa a ter uma identidade histórica, étnica, geográfica e cultural própria, que deverá ser retratada em livros do ensino básico da Bahia e quem sabe de todo o País. 



Vereador o que representa preservar o passado?


Um povo que não conhece a sua própria história é fadado a repetir erros e consequentemente ser destinado ao fracasso. Preservar nosso passado é manter nossas raízes, respeitar nossos ancestrais e todas as lutas e sacrifícios que eles travaram para construir a cidade em que vivemos hoje. A população tem que ter referências positivas daqueles que viveram e construíram nossa cidade, nosso Estado e o nosso País. 


É um dever do vereador, enquanto representante popular, resgatar e transparecer os fatos históricos e eventos de interesse público ao longo de nossa história. Tenho a missão de apresentar a verdade e elucidar distorções. Esse é um dever cívico.

 


A comunidade apoia esse reconhecimento?


Sim, desde que apresentei o projeto de Lei com essa reparação histórica tenho recebido elogios e informações sobre eventos históricos. Muita gente teve acesso à obra de Diego Copque e documentos públicos que contam uma história diferente ou que não constavam nos livros e que principalmente não chegavam às salas de aula. 


A Câmara tem compreendido na pessoa do presidente Junior Borges, juntamente com os demais vereadores, que é necessária essa reparação para não termos dúvidas de quem somos e de onde viemos. E, principalmente, para onde queremos ir. Com toda certeza só é possível seguir em frente e fazer a cidade avançar, preservando e fomentando o conhecimento da nossa história. Assim reconhecemos que somos fruto de uma árvore com raízes firmes.





Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista com MBA em Comunicação
e Semiótica na linguagem artística



Fonte de pesquisa da fotografia aérea da orla de Camaçari - https://destaque1.com/camacari-adere-a-campanha-nacional-que-fomenta-o-turismo/?amp 

CAMAÇARI TEM 463 ANOS E NÃO 263 REVELA PESQUISA Reviewed by Márcio Wesley on janeiro 19, 2022 Rating: 5

2 comentários:

  1. Diego Copque trás uma notoriedade as nossas origens, lutas e anseios dentro dessa construção, elevação e troca de conhecimento, a história de Camaçari deve ser contada como de fato foi e é a história. Precisamos agora que a prefeitura compre e disponibilize muitos exemplares deste livro para suprir as escolas públicas e biblioteca pública da cidade. Meus máximo respeito aí professor e historiador Diego Copque e parabéns vereador jamerson por cumprir seu papel no poder executivo do município!

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  2. As constatações históricas através de pesquisa científica do doutor, historiador e pesquisador Diego Copque, autor do livro "Do Joannes ao Jacuípe: uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais", não deixam dúvida da fundação de Camaçari no ano de 1558, quando foi fundado o aldeamento jesuíta do Divino Espírito Santo. Assim, Camaçari ê uma das primeiras cidades do Brasil e das Américas. Salvador foi fundada em 1549 e o aldeamento jesuíta de São Tomé de Paripe por exemplo tinha certamente ligação com o aldeamento de Camaçari. São Tomé foi escolhido como padroeiro de Paripe por causa de uma lenda indígena que falava de um homem branco e barbudo que foi perseguido pelos chefes indígenas por não concordar com as guerras e com a antropofagia. O padre Manuel da Nóbrega que dirigia a mussão jesuíta no Brasil acreditava que poderia ser São Tomé apóstolo em missão de divulgação do evangelho no século I d. C. (lendas precisam ser estudadas)
    Já fato histórico constatado pela pesquisa de Diego Copque é que os mesmos padres jesuítas que participaram da fundação do aldeamento indígena do Divino Espírito Santo em Camaçari, participaram também da fundação dos aldeamentos jesuítas na foz do rio da Prata que deram origem às cidades de Sacramento (Uruguai) e Buenos Aires na Argentina!
    Como gostavam de viajar os jesuítas, não é mesmo?
    Todas essas descobertas que abrem caminhos para novas pesquisas podem ajudar a reconstruir um mundo onde o objetivo era o de catequisar, levar uma palavra de paz e harmonia para os lugares mais longínquos da terra conforme pediu Jesus no seu evangelho...
    Muitos verão apenas a questão da colonização, da perda da cultura local, das violências em prol do colonialismo e do imperialismo...mas muitos vieram para as Américas com a missão e o objetivo de construir um novo mundo! Vamos resgatar esta história! Camaçari teve um papel mais importante do que o que se imagina!
    Parabéns Diego Copque!

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