Estacionamento ou Centro cultural turístico?

A função do Centro Histórico Cultural é procurar reativar as diferenças e mostrar que há outras formas de se olhar para o mundo além dos discursos. A valorização do patrimônio histórico cultural é o reconhecimento da identidade que molda uma comunidade

Estamos realizando uma rodada de lives pelo Instagram com o objetivo de dialogarmos sobre a importância da revitalização do Centro de Histórico de Lauro de Freitas, bem como a criação do Museu Municipal, biblioteca e a Vila Cultural no centro de Lauro. 

Na live da semana passada, 25 de agosto, conversamos com os amigos Apio Vinagre, controlador do município; Charles Nobre, arquiteto urbanista e o secretário de infraestrutura, Roque Fagundes. Todos a favor do fomento do museu municipal com o foco no turismo, educação, pesquisa e na geração de oportunidades. Entretanto, nos deparamos com a ideia de construção de um estacionamento vertical, mas para isto acontecer, será necessário derrubar o antigo prédio do relógio, onde funcionou a primeira prefeitura municipal e o anexo ao lado, onde ficavam algumas salas que serviam à administração municipal. 

A ideia é que o prédio da antiga prefeitura seja transformado
 em estacionamento vertical 

Ora, confesso que fiquei frustrado com a proposta (que não é definitiva) de construir neste local um estacionamento vertical, já que a nossa luta é de preservar, revitalizar e torná-lo em um Centro Histórico Cultural. O antigo prédio tem uma importância enorme para nossa história, assim como a saudosa fonte de pedra que foi derrubada há 20 anos para a criação de uma nova praça, suprimindo definitivamente as raízes afetivas de uma geração. 

A fonte de pedra marcou uma geração 

Eu e tantos outros companheiros e companheiras somos contra ao projeto do estacionamento vertical neste local. Continuou a favor da revitalização e na transformação deste lugar num vivo centro integrado de cultura e turismo. 

Roque Fagundes participou da live no Instagram @marciowesleycnery 
 

Durante a live..

Antes de tudo quero agradecer a participação do secretário de infraestrutura Roque Fagundes, um amigo querido que tenho grande admiração. A live foi bem tranquila e o gestor fez questão de esclarecer de que não existe receita de “bolo pronto” e que tudo será discutido com a comunidade, inclusive, sobre a construção da nova Câmara de Vereadores que contará com uma plenária maior e será mais confortável para atender a população. A proposta conta ainda com um anexo com gabinetes para os parlamentares. A Câmara será reconstruída e ficará ali mesmo na Praça João Thiago, porém, maior e mais moderna. De acordo com Roque um pequeno auditório e o museu municipal fazem parte do projeto, além de um gabinete para o Executivo (Prefeitura). 

Imagem ilustrativa de um estacionamento vertical  

Por outro lado será necessário a construção de um estacionamento vertical (prédio) para acomodar os veículos. Sabemos que o centro da cidade não tem capacidade para atender a dinâmica da Câmara quando ela estiver pronta. Fagundes adiantou que o projeto de expansão do metrô tem previsão de passar pela Beira Rio e que isto também demandará futuramente um estacionamento para acomodar os veículos das pessoas que utilizam o moderno trem urbano. 

Entretanto, vale lembrar que o Parque Shopping Bahia é um grande concorrente, oferecendo atualmente 2.800 vagas e um atrativo shopping.        

A expectativa é que o metrô avance pela Beira Rio no centro de Lauro  

Para o estacionamento vamos precisar da área onde estão o prédio da antiga administração e do beco ao lado que dá acesso à Beira Rio. Mas tudo será construído ao lado da comunidade, não tem projeto pronto é apenas uma ideia da gestão                         

   

Particularmente continuou achando que o estacionamento para auxiliar a Câmara de Vereadores pode ser em outro lugar, quem sabe na área do Restaurante Popular. O fato é que o estacionamento não precisa ser ao lado da Câmara e nem mesmo os gabinetes, que podem ser construídos separadamente em outro local. O estacionamento vertical vai depreciar a beleza do nosso centro e trucidar a oportunidade de revitalizar a região com um polo cultural, além de derrubar o nosso prédio do relógio que apesar de estar maltratado, tem um significado enorme para nossa gente e história contemporânea.                

                  

 

Vantagens do estacionamento vertical... 

Otimização do espaço é sem dúvida a principal vantagem dos estacionamentos verticais. Em uma área onde seria possível armazenar apenas 100 carros, por exemplo, vários andares podem ser construídos para acomodar centenas, numa mesma área, com acesso a todos os pavimentos da edificação através de rampas. 

Foto ilustrativa de um estacionamento  

Desta forma, os estacionamentos verticais permitem um melhor aproveitamento da área onde os terrenos possuem um alto custo comercial, em grandes centros urbanos, fazendo assim, com que se justifique a construção da edificação.  

Conforto para os clientes - em um estacionamento vertical não precisa se preocupar com as condições climáticas, pois seu automóvel não ficará exposto a sol ou chuva. Ele estará em uma área coberta, fechada, dentro do próprio edifício com o conforto e segurança.

Capacidade de vagas - com o crescente número de veículos que estão rodando necessitam-se existir vagas de estacionamento para o atendimento e acompanhamento da demanda crescente.

A ideia é transformar este antigo prédio no museu municipal e
o beco ao lado numa vila cultural 

Vantagens de um Centro Histórico Cultural e turístico 

 

O papel exercido por um centro cultural caminha para o desenvolvimento do povo de uma cidade e a inclusão social da comunidade criativa na cadeia produtiva da cultura e do turismo. Oferecendo condições para que todos, especialmente aqueles excluídos do consumo das artes, para que tenham acesso à inventividade artística diversificada. Não se pode criar "elefantes brancos" mas pensar no desenvolvimento do turístico cultural e na oportunidade de geração de emprego e renda através das artes.     

Você prefere transformar este local numa Vila Cultural e de Artesanatos ou
em estacionamento vertical?

Por isso, preservar os prédios, as obras de arte, as festas populares, a culinária ou qualquer outro elemento cultural de um povo é manter a identidade de nossa gente viva e perpetuada.

São necessários museus nos quatro cantos da cidade, mas também é importante entender o seu manejo, complexidade e contemporaneidade. Um museu tem que ser vivo, dinâmico, interligado com o passado e o futuro. O museu não pode ser algo estático, uma sala com coisas antigas expostas, mas um elemento participativo no cotidiano das pessoas   

  Márcio Wesley

Museu digital de Campina Grande um modelo a ser seguido  

O Centro Histórico Cultural promove a cultura e cria um espaço de interação social possibilitando a participação de crianças, jovens e adultos de diferentes níveis sociais. Abre as janelas para as atividades de literatura e das artes, um local para desenvolvimento do turismo, renda, geração de trabalho, pesquisa e estudo. Verdadeiro promotor de cultura! Os modernos centros culturais são uma fusão de bibliotecas, museus, anfiteatros, galerias, salas de estudo, workshop, artesanatos e outras possibilidades.  

Os centros culturais abrangem uma grande variedade de aspectos culturais e educacionais, proporcionando um excelente meio de disseminar e propagar cultura. Criando a base necessária para a preparação e transformação da sociedade atual e futura. São locais acolhedores que chamam a atenção e simbolizam a valorização da sociedade, suas raízes e memória. 

 

Referências 

 

Site – A ARC Engenharia e Construções - https://arcengenharia.com/blog/estacionamentos-verticais/

A implantação de centros culturais como elemento mediador na transformação e revalorização da sociedade -  http://www.cic.fio.edu.br/anaisCIC/anais2015/pdf/arq026.pdf 

CENNI, Roberto. Três centros culturais da cidade de São Paulo. 1991. 334p. Dissertação de mestrado – Escola de Comunicações e Artes – USP.

COELHO, Teixeira. Usos da cultura: políticas de ação cultural. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. 

DUMAZEDIER, J. Lazer e Cultura Popular. São Paulo: Perspectiva, 1973. GHIRARDO, Diane Yvonne. Arquitetura contemporânea: uma história concisa. Tradução: Maria Beatriz de Medina. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

MARCELLINO, N.C. Estudos do Lazer: uma introdução. 3ed. Campinas: Autores Associados, 2002.

MILANESI, Luís. A Casa da Invenção: Biblioteca, Centro Cultural. 4º ed. revisada e ampliada. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

SILVA, M.J.V. LOPES, P.W.; XAVIER, S.H.V. Acesso a Lazer nas Cidades do Interior: um Olhar Sobre Projeto CINE SESI Cultural. VI Seminário 2009 ANPTUR. São Paulo/SP, 2009.

Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista com MBA em Comunicação 
e Semiótica na linguagem artística