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Lauro de Freitas protagonista na Independência da Bahia


       Vista da Igreja da Matriz (Lauro de Freitas) construída em 1608   



Historicamente diversos municípios baianos participaram diretamente nas lutas pela Independência da Bahia. Cachoeira, Saubara, Santo Amaro da Purificação, São Francisco do Conde, Candeias e Simões Filhos, foram reconhecidos como participantes do  movimento  pela libertação das terras baianas dos domínios português e, anualmente, estão incluídos no  roteiro da passagem do fogo simbólico, um dos principais símbolos da festa ao 2 de Julho. 



Reparação já! 


Lauro de Freitas, Camaçari, Dias

D'Ávila e Mata de São João... 



Tomamos como ponto de partida desta reparação a intenção em comum dos gestores dos referidos municípios que comungam da perspectiva de levar para suas cidades a legítima passagem do fogo simbólico. Estes gestores municipais, bem como pesquisadores, professores e jornalistas tem utilizado como ferramenta de fundamentação para seus respectivos pleitos, os estudos do pesquisador, professor e historiador Diego Copque, autor do livro “A Presença do Recôncavo Norte da Bahia na Consolidação da Independência do Brasil”, que na introdução do livro afirma:


 

Não se tem a intenção de abordar todos os aspectos da guerra, pretendendo-se, por ora, evidenciar a participação da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga, hoje município de Lauro de Freitas, Vila de Abrantes (Camaçari), Feira de Santo Antônio de Capuame (Dias D’Ávila) e a freguesia de São Pedro de Açu da Torre, hoje território de Mata de São João. Essas localidades estão inseridas no contexto da guerra desde o primeiro conflito em fevereiro de 1822 até o seu desdobramento em outubro de 1824, com a Revolta do Batalhão dos Periquitos.
(COPQUE, 2022 p. 15)



Os quatro municípios em questão fazem parte do Recôncavo baiano e da Região Metropolitana da Cidade do Salvador (RMS). A implantação do Centro Industrial de Aratu (CIA), no final da década de 1960 e do Complexo Petroquímico de Camaçari (COPEC), em 29 de junho de 1978, resultou no crescimento econômico e demográfico de parte do Recôncavo Norte, e, como consequência desse crescimento houve a descaracterização da identidade geográfica, histórica e cultural desta região do Recôncavo baiano.


Conforme o pesquisador, a consolidação da perda da identidade do Recôncavo Norte se deu a partir da fixação e do uso do termo de Região Metropolitana do Salvador para os municípios que compõem esta região.

 






O historiador Jair Cardoso, membro da Faculdade Regional de Filosofia, Ciências e Letras de Candeias, explica que no passado havia dois circuitos de passagem do Fogo Simbólico. 


Alguns anos após ser criado o circuito que sai de Cachoeira com destino à Salvador, fora criado outro, partindo do Litoral Norte que entre outras cidades passava por localidades como São Sebastião do Passé e Simões Filho (Água Comprida), com destino a capital. No entanto, os municípios de Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D´Ávila e Mata de São João, reconhecidamente também deram sua contribuição neste importante processo histórico e ainda não estão entre as cidades que recebem a visita do fogo memorial. 



Alicercados neste estudo historiográfico, justificamos esta proposição destacando os principais eventos relacionados à história dos referidos municípios que corroboram com a relevância de nossa pesquisa neste sentido.


Diego Copque 

 




Igreja de Santo Amaro de Ipitanga, Lauro de Freitas | Foto - Márcio Wesley  




 

Santo Amaro de Ipitanga | Lauro de Freitas

 

  

     No inicio do processo das lutas pela independência o contingente formado pela tropa baiana, ao sair do Forte de São Pedro na Cidade do Salvador, depois de passar por Itapuã se dirigiram ao Engenho Japara na freguesia de Santo Amaro de Ipitanga, onde foram recepcionados e alimentados pelo proprietário do engenho que era herdeiro do capitão português Manuel Rodrigues Barreto. 


     Sendo importante registrar que a localidade de Itapuã estava inserida na jurisdição militar da Casa da Torre de Garcia D’ Ávila e fazia parte da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga. Além deste importante fato temos a atuação de ilustres combatentes que viviam na freguesia de Ipitanga, a exemplo de Luiz Antônio Pereira Franco e Anastácio Francisco de Menezes Dórea, que foram agraciados pelo imperador com o titulo de nobiliárquico de Cavaleiros da Ordem de Cristo e João Ladislau de Figueiredo e Melo um grande latifundiário da região e senhor de um engenho denominado Caji, em Santo Amaro de Ipitanga, onde residia seu engenho de cana de açúcar e funcionou como uma espécie de hospital de campanha no processo de lutas pela consolidação da independência na Bahia.



 Primeiro carro alegórico dos festejos do 2 de Julho  

 


   João Ladislau atuou de forma ativa e significativa nas lutas pela independência e no término da guerra foi agraciado pelo imperador D. Pedro I com o título de Cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis e Major agregado do 3º Batalhão de 2ª Linha. João Ladislau era avô de José Alvares do Amaral, filho de sua filha Anna Figueiredo e Mello Amaral e Antônio Joaquim Alvares do Amaral, que junto com Joaquim José Pinheiro, arrecadou a soma de quatro contos de réis para a compra de mantimentos para a tropa baiana. 


    José Álvares do Amaral, nasceu no dia 17 de outubro de 1822 no Engenho Caji e, além de neto materno do veterano de guerra João Ladislau de Figueredo e Melo, era sobrinho pelo ramo paterno do tabelião de notas, Francisco Ribeiro Neves. Logo nos primeiros anos, após as lutas pela Independência da Bahia, Francisco Ribeiro Neves, Francisco José Corte Imperial e o cônego Manoel Joaquim de Almeida mandaram construir o primeiro carro alegórico em homenagem ao 2 de Julho.



Dr. José Alvares do Amaral (arquivo UFBA)



  José Amaral ilustre morador 

das terras de Ipitanga


   

 Neste ano de 2022, celebraremos o bicentenário do nascimento de José Alvares do Amaral, como dito anteriormente, ele foi o responsável pela compra do casarão que até hoje abriga os carros alegóricos dos caboclos na Lapinha no bairro da Liberdade, na cidade do Salvador.

 

 Ressalta o pesquisador Coriolano Oliveira, membro da Academia de Letras e Artes de Lauro de Freitas.  

 



Mapa do Litoral Norte da Bahia 





Vila de Abrantes | Camaçari, 

Arembepe e Monte Gordo


 


           No dia 17 de setembro de 1822, na Vila de Cachoeira, Miguel Calmon du Pin e Almeida, futuro Marquês de Abrantes, apresentou uma procuração para representar a Vila da Nova Abrantes do Espírito Santo. Nessa reunião foi solicitada a criação de um governo provisório militar e civil e, no término, foi lavrada uma ata, a qual o advogado Miguel Calmon du Pin e Almeida assinaram, representando a Vila da Nova Abrantes.


    Em 20 de fevereiro de 1823 as autoridades civis da Vila da Nova Abrantes reconhecem a autoridade e regência de D. Pedro de Alcântara como primeiro imperador do Brasil, fato que ocorreu em plena guerra da Independência da Bahia. A aclamação pelas autoridades da vila ocorreu no Paço do Conselho. Após aclamação do príncipe regente foi realizada uma missa e cantado um Te Deum na Igreja do Espírito Santo pelo padre José Pereira da Fonseca.



Igreja do Divino Espirito Santo, Vilas de Abrantes, Camaçari   


    Entre os atores da cena política e militar que participaram desse processo temos o indígena tupinambá Joaquim Eusébio de Santa Anna, capitão-mor dos índios de Vila de Abrantes; Cipriano José Barata de Almeida, jornalista, cirurgião, filósofo, político e senhor do engenho de cana-de-açúcar em Vila de Abrantes, denominado Solidão e do tenente José Pedro de Alcântara, senhor de um engenho cana-de-açúcar em Vila de Abrantes, denominado Engenho Jenipapo.

 

      Foram nobilitados pelo Imperador Dom Pedro I (1822-1831), atores sociais que participaram da guerra. Entre os que receberam promoções na carreira militar e títulos de nobreza, destacam-se: Ladislau dos Santos Titara, Alferes do Estado Maior do Exército, condecorado com a Medalha de Distinção da Campanha da Bahia. 


   Para Cavaleiros da Ordem do Cruzeiro, foram agraciados: o Quartel Mestre de Vila de Abrantes, Antônio de Souza Guimarães; o sargento-mor do Batalhão da Torre de Garcia D’Ávila, Antônio Rodrigues de Carvalho, natural e residente em Monte Gordo e proprietário da Fazenda Tororó; o capitão João Ferreira Lustosa, natural e residente em Vila de Abrantes e José Pereira Franco também residente em Vila de Abrantes.





              Centenário da Independência 


      No primeiro centenário da independência, importantes jornais do Rio de Janeiro nos trouxeram relevantes informações a respeito da inserção de Vila de Abrantes no contexto das comemorações do Centenário da Independência da Bahia. Naquela altura, foi inaugurada a primeira rodovia baiana, a Rodovia Bahia / Feira de Santana. 


        O primeiro trecho da rodovia tinha início em Pirajá e finalizava na povoação de Camaçari. Seu ponto de partida era no largo de Pirajá ao lado do Pantheon de Labatut. A rodovia foi construída por cima da Estrada das Boiadas, sendo batizada de Estrada de Rodagem Dr. Antônio Ferrão Muniz de Aragão. 

       


Dias d'Ávila possui uma população de mais de 80 mil habitantes e
uma das melhores fontes de água do Brasil 



Feira de Capuame | Dias D´Ávila

 


   Entre os povos que participaram da Guerra da Independência na Bahia, estavam os indígenas, considerando que a região do Recôncavo Norte era formada por quatro aldeamentos indígenas, e que no século XVI, antes de se tornar Feira de Capuame, a localidade que hoje é cidade de Dias d´Ávila, abrigou o aldeamento indígena de Santo Antônio de Capuame. Nesta perspectiva entendemos que os descendentes dos indígenas que viviam no antigo aldeamento compunham as tropas que lutaram pela nossa independência.

 






Exército libertador...


       Uma das primeiras ações coordenadas pelo Exército Libertador se deu através de Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, que foi a aclamação de Dom Pedro como imperador constitucional do Brasil na Feira de Capuame, neste ato unificou as Milícias da Casa da Torre e de Pirajá, com a participação de 30 Praças do 1º Regimento de Cavalaria de São Francisco do Conde, comandados pelo 1º Sargento Manoel Alves do Nascimento, para que marchassem até a freguesia de Pirajá, com o intuito de montar um cerco à cidade do Salvador a fim de que o Exército Português não pudesse sair, ficando impedido de adquirir mantimentos para provisão da tropa e da população soteropolitana.


 

Feira de Capuame se tornou no dia 30 de outubro de 1822, um arsenal de guerra, com uma oficina instalada para manutenção de armamentos, sendo por um curto período base militar das Milícias da Casa da Torre de Garcia d’ Ávila

 



Ruínas do Castelo Garcia D'Avila / Foto de Rad Jordão 





      Açu da Torre | Mata de São João

 

 

            A Casa da Torre de Garcia D’Ávila sempre teve uma participação histórica e fundamental em relação à defesa da Cidade do Salvador e seu Recôncavo desde o século XVI, a exemplo de seu posicionamento diante das ameaças de invasão da Capitania da Bahia por navios ingleses capitaneados por Christopher Lister, em 1587.

     

       A Casa da Torre foi edificada no território do antigo aldeamento indígena denominado de Bom Jesus de Tatuapara em Açu da Torre, hoje território do município de Mata de São João. A Casa da Torre, em todo o período colonial até início do Segundo Império (1561-1852), foi um verdadeiro bastião (fortificação com um avanço para artilharia),  da Cidade da Baía de Todos-os-Santos e seu Recôncavo, até mesmo da Capitania e, depois, Província da Bahia. A Casa da Torre foi comandada por doze gerações pelos descendentes de Garcia D’Ávila


       Em 1822, o senhor da Torre se uniu a seus irmãos e foram responsáveis pela arregimentação do embrionário Exército Brasileiro que libertou a Província da Bahia e o Brasil da presença das forças portuguesas, mesmo com uma tropa amadora seu diferencial estava justamente em sua formação étnica e social heterogênea.

 


Independência da Bahia  


A tropa fugiu... 

 

          A tropa que se evadiu do Forte de São Pedro em 1822 abrigava muitos militares de carreira, mas tinha a característica de não ser um exército profissional, composto por uma tropa indisciplinada, que deixou a Cidade do Salvador no dia 20 de fevereiro de 1822. 


       A retirada estratégica para o Recôncavo Norte ocorreu para que essa tropa pudesse se organizar junto à Casa da Torre, cujo proprietário era, Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, que os aguardava na perspectiva de que se preparassem para retornar a capital com reforços de milicianos indígenas e caboclos remanescentes da Vila de Abrantes e  Monte Gordo, além de outros soldados, ficando evidente que havia um plano arquitetado pelo referido proprietário rural para atuação da Casa da Torre desde o primeiro embate, o que a transformou na primeira base militar de atuação neste processo de lutas e batalhas que durou quase 17 meses.






Exército da Casa da Torre

 

    

           A Milícia da Casa da Torre era uma tropa organizada em terços, composta de brancos, negros, mestiços, índios e caboclos, estes últimos eram remanescentes dos antigos aldeamentos indígenas da região. De acordo com o Mapa dos distritos das Companhias da Casa da Torre, sua distribuição se dava da seguinte forma: em Batalhão da Direita e Batalhão da Esquerda. A Primeira Companhia do Batalhão da Direita tinha início no distrito do Rio das Pedras, entre os rios Curuípe e Cangurugu na região de Pirajá, estendendo-se até o Rio Joanes. 


           A Segunda prolongava-se do Rio Joanes até o Rio Jacuípe. A Terceira, do Rio Jacuípe ao Rio Pojuca e a Quarta, do Rio Pojuca ao Rio Subaúma, estando na jurisdição da Casa da Torre de Garcia D’Ávila.

 

     

   Conclusão...


    Os municípios de Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’Ávila e a povoação de Açu da Torre, hoje território pertencente ao município de Mata de São João, participaram das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil na Bahia em 1923.


    Esses fatos históricos, entre outros, evidenciam a necessidade do reconhecimento da participação dos municípios do Recôncavo Norte da Bahia no processo de consolidação da Independência do Brasil e, também, a imprescindibilidade de inserção dos municípios de Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’Ávila e Mata de São João no circuito da passagem do Fogo Simbólico e nas comemorações do Bicentenário da consolidação da Independência do Brasil.

 




Fonte: Historiador, escritor, pesquisador e professor Diego Copque, morador de Camaçari, Bahia. Em Lauro de Freitas a pesquisa conta diretamente com o apoio do jornalista, produtor cultural e ativista da preservação da memória Márcio Wesley e do professor, ativista cultural e pesquisador Coriolano Oliveira, ambos membro da Academia de Letras e Artes de Lauro de Freitas.   



#museujálaurodefreitas

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Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Jornalista com MBA em Comunicação
e Semiótica na linguagem artística


    


Lauro de Freitas protagonista na Independência da Bahia Reviewed by Márcio Wesley on novembro 02, 2022 Rating: 5

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