RUBENVAL MENESES: “precisamos nos unir para manter a chama da arte”
Márcio Wesley
E com felicidade que
apresento a vocês um amigo de longa data, a nossa prosa é com Rubenval Meneses,
casado com a atriz e diretora teatral
Eliete Teles, o casal cultural é uma referência para nossa gente! Nos
conhecemos nas atividades de grupos de jovens da igreja católica, eu era do centro
e ele de Itinga. Na época fazíamos parte da Paróquia de Santo Amaro de Ipitanga,
que em 1994, foi dividida e Itinga passou a ser a Paróquia de Nossa Senhora
Aparecida.
A arte sempre nos uniu e os
movimentos de grupos de jovens foram preponderantes no despertar da cultura como
ferramenta de união, pesquisa, evolução social e de expressão comunitária. O
tempo voa e o espírito juvenil continua latente na incansável criatividade
artística do nosso Rubenval, que completará no dia 28 de abril cinquenta aninhos,
mas com alma de 20.
O nosso entrevistado é diretor
teatral, ator, bonequeiro e músico licenciado em teatro pela Universidade Federal
da Bahia, pós-graduado na Atenção Integral ao Consumo e aos Consumidores de
Álcool e outras Drogas - CATED/ Escola de Medicina da UFBA. Criador dos grupos
Ereoatá Teatro de Bonecos, grupo Revolução teatro/circo e do grupo musical Brincantes
do Nordeste. Sem sombra de dúvida, um visionário da produção cultural
laurofreitense.
Despertar
cultural...
Iniciei a carreira de
empreendedor cultural em 1990, quando tinha 20 anos e resolvi criar espaços
como o Quiosque Ado Lumba e o Espaço Ado Lumba Shows, no Bairro de Itinga, que
tinha a proposta de juntar gastronomia com boa música. Locais onde já se
apresentaram artistas como Coelho Campos; Sandra Ribeiro; Fuscão & Samba; Banda
Prabalar; Samba Chão, bem como, atrações conhecidas nacionalmente como Bule Bule
e Riachão. Na época sofri muito preconceito, pois as pessoas não conseguiam
compreender como um jovem negro morador da periferia conseguia realizar tamanha
proeza, daí para surgirem as “Fake News” foi bem rápido, ouvi de tudo, de pacto
com o diabo a traficante de drogas e isso não me abalou de nenhuma forma, isso
até serviu para espantar possíveis assaltos no empreendimento, risos.
O
teatro...
Em 1999 ingressei no Projeto
Tupã de Arte-Educação, concebido pelo diretor teatral Hirton Fernandes Junior, foram
quatro anos de vivência laboral no campo das artes cênicas, até me encantar com
o universo do Teatro de Bonecos, foi quando eu e Eliete criamos o Grupo
Ereoatá, nome de origem Tupi/Guarani, que significa “fazer bonito”, nesse
período tive o privilégio de ingressar na Escola de Teatro da UFBA, (2003), e a
partir do contato com a universidade pude ampliar ainda mais os horizontes de
possibilidades, além de perceber o potencial do teatro-educação na comunidade
como instrumento de transformação social. E ao concluir o curso em 2007,
retomei os trabalhos com o projeto Tupã de arte educação, criando o ‘Núcleo de
pesquisa, produção, registro e difusão do Teatro de Bonecos’. A experiência do
núcleo me mostrou que era possível conciliar a pesquisa, a comunidade e o
empreendedorismo, assim, o Grupo Ereoatá de Teatro de Bonecos, evoluiu para o 'Ereoatá Produções Artísticas', onde além de espetáculos sobre encomenda,
produzíamos bonecos para diversas instituições, empresas, cinema e televisão. O
sucesso foi tanto que confeccionamos até bonecos para decoração de cidades.
Construção
do teatro...
Em 2016 construímos o nosso
primeiro espaço próprio de trabalho, com sala de ensaio, atelier de construção
de cenário e até, uma sala de apresentação que chamamos carinhosamente de TET,
cujo nome oficial é Teatro Eliete Teles, espaço que inicialmente foi criado
para atender as nossas demandas de produção no universo do teatro de bonecos e
que logo depois, se transformou em um dos espaços culturais mais dinâmico da
Região Metropolitana de Salvador.
Arte
na pandemia...
Hoje estamos com nossas
atividades interrompidas por conta da pandemia, mas não perdemos a esperança. Durante
o período de afastamento social montamos o espetáculo Metamorfose, que
inicialmente tinha a função de servir como válvula de escape para tanta tensão
e frustração, que depois se transformou em uma luz no final do túnel, quando
Eliete Teles resolveu propor o espetáculo para alguns festivais on-line e, para
nossa surpresa, tivemos a aprovação em diversos festivais nacionais e
internacionais, inclusive, estamos com a proposta de apresentar presencialmente
em Portugal em setembro de 2021 e na Índia em 2022.
A
união faz a força!
Meu desafio atual é tentar convencer
os produtores culturais da cidade de Lauro de Freitas a compreender que a
ascensão do outro, não atrapalha o nosso crescimento e, que ao contrário,
potencializa ainda mais o surgimento de novos artistas inspirados na
representatividade de quem ascende. Precisamos mais do que nunca estarmos
unidos, pois só assim, manteremos viva a chama da arte e da cultura em nossa
cidade e no mundo.
Márcio Wesley | DRT/BA 5469
Que massa coelhinho dando fruto.
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